A quem serves, afinal?
Prometido a Ismael
Primogênito de Abraão
Seguir por áridas terras
Está adiante tua Nação
Com Ágar tua mãe bela
Grande será tua novela
Acolhida na oração
A Isaque teu irmão
Herdada a Sagrada terra
A ti, o óleo mais cru
Motor de infinita guerra
Tão sujo e mui viscoso
Corruptor habilidoso
Do deserto à alta serra
Foi dádiva aos persas
Mesopotâmios, chineses
Em tempos mais remotos
Até os atuais ingleses
É recurso indispensável
Não se encontra comparável
A saciar os prazeres
Virá de profundo solo
Economias adestrar
Tão valioso aos homens
Não hesitarão guerrear
Finito, mas vitalício
Do ser humano o suplício
Quinhão de era milenar
Pra desunir as nações
Não há mais perfeito fel
Fruto da ganância humana
Tal qual Caim mata Abel
Irmãos e irmãs em ódio
Disputam lugar ao pódio
Pra pouco prêmio, Babel
Do ambiente é inimigo
Trancado em galeria
É matéria poluente
Consumido com histeria
Cuidado com o tal petróleo
O mais invejável óleo
Motor de infantarias
No Tártaro encarcerado
Não deveria sair
Sua missão na superfície
É aos povos extorquir
Mas agora está liberto
O terror a céu aberto
Tem um planeta a destruir
Ódio, fome, intolerância
Está à solta toda chaga
Guerra e insano genocídio
O óleo conta sua saga
Ele está por trás de tudo
Para um povo, o escudo
Para outro, a adaga
Tal qual Caixa de Pandora
Não devia ser violado
Eis todos os males do mundo
Neste solo maculado
O Diabo se revela
Quer a Terra em sua tutela
Apoderar-se do legado
Pra alcançar seu objetivo
Necessárias são gerentes
Sete o número perfeito
Enviadas das ardentes
Terão hálito enxofrado
E gadanho afilado
A corroer fracas mentes
Ditarão regras covardes
Para o mundo adestrar
Não existe compaixão
Em teu pérfido olhar
Negro ouro é teu sopé
Só o petróleo é tua fé
Pra dinheiro acumular...