Nordestino da Cidade Grande
Sou Nordestino da Cidade Grande,
Mas cresci como retirante,
Desde de pequeno já padecia sobre essa sina,
dos meus antepassados não sabia,
porque tantos “sofria”,
Vida, morte severina,
caatinga, mandinga e revelia,
Como Mamãe já dizia,
Menino você é Nordestino, mas não é sofrido…
Mas a vida te dá dois caminhos,
Da vida mesmo, e do descompasso,
Mas mesmo assim eu faço, sem traço, e desembaraço…
Não sou retirante de Vidas Secas,
Mas conheço o sofrimento do clamor,
Pelos meus antepassados, sinto dor,
Pesar e sou consolador…
Sou Nordestino da Cidade Grande,
Mas cresci como retirante,
Não temo a luta,
Tenho em meu sangue a vida e guerra,
De um povo que sempre lutou,
Que nunca se avexou, que jamais lamentou,
Aliás, lamento esse,
É o único que lhes foram direito,
A fome de teus filhos,
Não há tormento pior, maior…
Por isso lhes digo,
Nordestino, povo sofrido,
Da seca ou da cidade grande,
Retirante por que tú és grande…
Nordestino, não se aflija nessa mandinga,
Sem fim e desafinada,
No final o que te espera,
É o afago da sua família,
Não se canse, nem se apoquente,
seja diferente, sempre…
O que incomoda,
Não é sua fala diferente,
Ou sua origem quente,
O que incomoda,
É sua luta evidente,
Sua alegria e vida certamente...
Sou Nordestino da Cidade Grande,
Mas cresci como retirante...