Soja Santarém

Para Amazônia Legal

Destinada esta viagem

Ao encanto da região

Que do Tapajós faz margem

Do turismo desejada

Natureza entalhada

Faz tua vista miragem

Do Brasil, região Norte

No Estado do Pará

Teto verde, Santarém

Aqui plantando tudo dá

Onde passa o grande rio

Tem gente de muito brio

Produzindo seu maná

Ribeirinho, quilombola

O pequeno produtor

Vive da subsistência

É da mata, protetor

Tudo o que planta come

Não conhece o que é fome

Neste solo benfeitor

Aqui é terra de índio

Lavrador, ecologista

Planta em plena consciência

Colhe como altruísta

Protege a vegetação

Com o suor de sua mão

Trabalha voluntarista

“Pérola do Tapajós”

Dentre as praias, a mais bela

Cujas águas cristalinas

Atrai gente à cidadela

Na quente praia do rio

Natureza e sua bio

Desfila a cravo e canela

Sim, seria bela viagem

Neste encanto de lugar

Mas a estória que aqui conto

Não dá vistas para o mar

É a estória da opressão

De um império em gestação

Que é preciso denunciar

Santarém está ao alcance

Do latifúndio amarelo

Que impôs sua ditadura

Em potência de castelo

Onde produtor pequeno

Acuado por veneno

Destinado ao flagelo

Devastada pela soja

Produto de exportação

Que coloca o Brasil

No topo a produção

Acelera o agronegócio

Alta grana pro seu sócio

Para o povo a exploração

O cordel narra a estória

Surgida de um evento

Certa Revolução Verde

Que ao plantio deu incremento

Alta tecnologia

Que o pequeno asfixia

Em favor do truculento

Veio lá do Mato Grosso

Estado que mais desmata

Pela BR Um - Meia - Três

Tão veloz quanto a fragata

Soja entra em Santarém

Ao gosto de quem convém

Minoria aristocrata

Sobrará bem pouca chance

Pro pequeno agricultor

Competir com o latifúndio

E o poder de seu trator

Este vai abrir caminho

Contra a enxada e o ancinho

Na potência do motor

A colheita familiar

Aqui sempre foi bem vinda

Pelo império, esmagada

Não importa a berlinda

Os “gaúchos” cá chegaram

Toda Santarém tomaram

Esta expansão não finda

O resultado é conhecido

Destruição ambiental

Ai de quem tentar conter

Projeto monumental

Onde o plantio da soja

Fez de Santarém uma loja

Pro mercado mundial

O conflito é inevitável

O pequeno é expulso

Sojeiro compra sua terra

Na base do firme pulso

- Vai sair de qualquer jeito

Ribeirinho eu não respeito

Não importa qual impulso

Usam meios ardilosos

Um deles bem conhecido

Na caixa, título falso

Por grilos, envelhecido

Na terra então devoluta

Usurpa a posse sem luta

Ladrão é favorecido

Erro nosso em pensar

Que está tudo resolvido

Por que o mal da opressão

Coragem tem produzido

Que defende o meio-ambiente

O pequeno e sua gente

Contra as ordens do bandido

Ativistas, sindicatos

Vozes contra a tirania

Do sojeiro prepotente

Que dá ordens à Brasília

Pra soja abrir acesso

A queimada é seu ingresso

Em Santarém e cercania

Muitas vozes se calaram

Na mira da carabina

Irmã Dorothy, entre elas

Por cumprirem sua sina

Mas o ideal brioso

Tem discurso vigoroso

Preste atenção em Marina

Na floresta está o pulmão

Do planeta moribundo

Dentro do país Brasil

Pensamento infecundo

Pelo progresso ilusório

Que esbraveja ao pretório

Com som forte e profundo

A Amazônia está morrendo

Por força do capital

Que vem destruindo a mata

O maior bem continental

Velhos tempos de colônia

Amarelam a Amazônia

E sua riqueza ambiental

FERNANDO NICARAGUA
Enviado por FERNANDO NICARAGUA em 19/07/2017
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