Desfile quase afro

Aqui e agora estou

Diante do antigamente

O futuro com certeza

Nunca pertenceu a gente

O povo que corre e cansa

Sua mente não avança

Indo pra trás e pra frente

O som que ouço agora

Deixa qualquer um mal

Preciso tomar um remédio

Serve até sonrisal

Minha cabeça está doendo

De angústia estou morrendo

Que povo de um gosto mau!

Colocaram o pior pagode

Verdadeira pataquada

Minha cabeça rodando

É péssima esta zuada

Esta canção infeliz

Em sua letra sempre diz

Absolutamente nada

O povo que é educado

Nesta patética nação

Fica também patético

Vivendo de ilusão

Acreditam está curtindo

A música que estão ouvindo

Total alienação

De quem terá sido a idéia

Deste som executar?

Se isto não parar logo

Sou capaz de endoidar

Meu juízo já não presta

E logo depois desta festa

Na certa vai piorar

Me desculpe a produção

Se ela de fato existe

Este som preparatório

Me deixou mesmo foi triste

Podem até agradar

Quem não gosta de pensar

Mas quem pensa não resiste

Falo agora do desfile

Uma idéia até legal

Pensando em combater

O preconceito racial

Mas é preciso atenção

Pois a discriminação

Se tornou algo normal

È um tal de dança afro

Como auge musical

Concurso até de receitas

De comida cultural

Mas a tal sociedade

Não abandona a maldade

Na maior cara de pau

O ‘Afro’ virou esporte

Programa de televisão

Virou até fantasia

Para a discriminação

Que encarnou no brasileiro

Lobo em pele de carneiro

Deixe disso meu irmão

Minha mãe já me dizia

Um provérbio popular

Quebra a cara quem não quer

A verdade enxergar

Tapar o sol com a peneira

Pra encobrir a sujeira

Para o negro tapear

Ninguém mais quer relembrar

Do tempo da escravidão

De escravo e de senhor

De senzala ou capitão

Que o negro oprimia

De noite e também de dia

Naquele velho porão

Isso é rixa do passado

Dizem os grandes escritores

Falemos da beleza afro

Ao negro demos louvores

Mesmo que hoje em dia

Vivam nas periferias

Sofrendo os mesmos horrores

O Brasil olhando o negro

E dizendo: muito bem!

Conseguiram apanhar

E ficar dizendo amém

Hoje ainda explorado

Repetindo seu passado

Da vida ficando aquém

Quero só que fique claro

Nos eventos culturais

Que afro não é enfeite

Para grupos teatrais

O negro com atitude

Com desfile não se ilude

Precisa de muito mais

Anastácia
Enviado por Anastácia em 07/08/2007
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