O MEU RIMANCEIRO * A praga

Um dia, p’la Primavera,

na festa de todos nós,

o povo soube quem era

e de novo teve voz.

Gritou a sua razão

há tanto tempo oprimida!

Não mais havia a prisão

p’ra quem reclamava a vida.

Declamaram-se os poemas

p’la tirania banidos…

E quebraram-se as algemas

dos caminhos proibidos…

Houve abraços e beijinhos

e também amor jurado

de quem, por outros caminhos,

andara a passo trocado.

Chegara a fraternidade

aos desavindos que houvera.

Chegara a claridade

vestida de Primavera.

Foi tudo assim tão bonito,

até à praga fatal:

isto assim é tão bonito

que só pode acabar mal…

José-Augusto de Carvalho

Alentejo, 27 de Fevereiro de 2017

José Augusto de Carvalho
Enviado por José Augusto de Carvalho em 01/03/2017
Reeditado em 03/03/2018
Código do texto: T5926919
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