Vinde a mim.

Vinde a mim você que sofre

Eu ouvi o seu lamento

Eu não fiz de você cofre

Pra guardar o sofrimento

Pra você, em cada estrofe,

Entreguei conhecimento.

Vinde a mim se está aflito

Eu conheço a aflição

Não lhe dei destino escrito

Mas lhe dei ocupação

Não criei nenhum proscrito

Mas de todos fiz irmão.

Vinde a mim se está cansado

Eu conheço o seu cansaço

Eu também fui condenado

Chicotada em cada passo

Carreguei a cruz nos braços

Nela fui crucificado.

Vinde a mim o oprimido

Que a si mesmo perdeu

Hoje está arrependido

Dos males que cometeu

Eu não fiz você bandido

Foi você que escolheu.

Vinde a mim você que chora

Pelo filho no presídio

Talvez seja agora a hora

De ele ser esclarecido

Tudo na vida melhora

Quando somos corrigidos.

Vide a mim o violento

Que um dia já amou

Esqueceu o juramento

Que fez quando batizou

Eu dou esclarecimento

Sobre os danos que causou.

Vinde a mim o sem salário

Que não tem o alimento

Eu conheço o seu calvário

Mas lhe dei conhecimento

Pra marcar no calendário

O valor do pagamento.

Vinde a mim o que espera

Pelo dia de amanhã

Sei que o tempo o desespera

E não quer palavra vã

Mas você também onera

O viver da alma irmã.

Vinde a mim o iludido

Que mantém a ilusão

Eu lhe dei sexto sentido

E lhe dei percepção,

Mas você vive caído

Nunca estende a sua mão.

Vinde a mim você que anda

Sem destino ou direção

Em você não há quem manda

É você o seu patrão

Mas quer ter sua quitanda

Pra poder ganhar o pão.

Vinde a mim os sonolentos

Que caminham sem sentir

Vejo os seus passos lentos

Que não têm aonde ir

Vou lhes dar meus aposentos

Para ter onde dormir.

Vinde a mim todo faminto

Que não tem o que comer

Essa mesma fome eu sinto

Pra você compreender

Pra sair do labirinto

É preciso antes querer.

Vinde a mim todo sedento

Eu posso dessedentar

Mas não quero ouvir lamento

Nada serve o reclamar

Você tem discernimento

Para a sede saciar.

Vinde a mim o esquecido

Que do tempo se esqueceu

Você fez o proibido

E não se arrependeu

Hoje está entristecido

Vendo tudo que perdeu.

Vinde a mim os que padecem

De amor não correspondido

Alguns há que reconhecem

Que é um desconhecido

Outros há que não merecem

Ter seu par reconhecido.

Vinde a mim todos que amam

E quem não consegue amar

Vinde todos que reclamam

E quem não vai reclamar

Vinde todos que me chamam

Todos vou abençoar.

Renato Lima
Enviado por Renato Lima em 21/01/2017
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