O PRIMEIRO GRITO.
Estou começando o ano
invocado pra dana,
no meio destes tiranos,
a luz nunca vai brilha,
desvia nosso dinheiro,
pra boa vida comprar,
morremos nestes tributos,
sem sequer poder gritar.
Entra ano ,passa dias,
nesta labuta infernal,
políticos comem a fruta,
o povo levando pau,
Deus me dê o remédio,
pra essa doença eu curar
se não me dê boas idéias
pra as deles eu sufocar.
Ontem passei a noite
lutando num hospital,
trabalhando ininterrupto
pra dor dos outros aliviar,
hoje me sinto bem leve
como pluma num bailar
não tive nem um tempinho
pra dos bandidos lembrar.
Mas quando me vem o dia
e passo os olhos num jornal
vejo manchetes extensas
divulgando a cor do mal
meu povo sendo subtraído
na maior cara de pau,
me arrependo de ter saído
daquele grande hospital.
Mas meu Deus eu não desisto
da luta de um bom debate
vejo tolos aguerridos
querendo o mal combate
quer fazer tornarem santos
esse imenso paiol de ratos
que se veste das riquezas
deixando a nós os trapos.
Já começo esse ano
envolto nesse cordel
que de forma me alivia
como no amargo o mel
versos feitos me acalmam
como chá de alfavaca
mas não me tira do peito
o desejo de de gritar.
Meu Deus me mande agora
um poema pra transformar
estes políticos corruptos
que só quer saber mamar
vai sugando as tetas da pátria
como nos ninhos os Gambas
dizima todos os sonhos
dos que ou menos ousou sonhar.
Mas enfim vou arrematando
meu grito neste cordel
como as abelhas depositam
nos favos teu doce mel,
vou dizendo para o mundo
que nunca vou ter sossego
enquanto existir corruptos
meus versos serão fecundos
como lampadas no breu.
BELA INTERAÇÃO DO MESTRE JACÓ FILHO.
Diferente dos políticos,/Meus versos são pontuais./De amor, sociais e críticos,/A cada dia escrevo mais.../Nada no mundo interfere,/na minha missão vocativa./ Pois não há alternativa,/Ao que a poesia oferece...