O SERTÃO.

Vou me embora pro sertão

Quero viver diferente

Quero viver de verdade

Ser feliz, andar contente

Viver cuidando da terra

Plantando minha semente

Conversar com os passarinhos

Colher fruta no quintal

Contemplar a natureza

Conversar com animal

Juntar o pouco que tenho

Fazer festa no natal

Eu quero ouvir as estórias

Que se contam no sertão

Tem de mula sem cabeça

Tem muitas de assombração

Tem suas veredas malditas

Que o povo tem sua visão

Eu conheço muita gente

muita gente me conhece

Mas vivendo na cidade

muitas coisas me entristece

Se o corpo não se ajusta

A nossa alma padece

Aqui se fala bonito

No sertão é diferente

A gente fala o que fala

A gente sente o que sente

O que se fala na cidade

Tudo muda de repente

A gente ouve palavras

Que nunca se ouviu falar

Eu sei que não sei de nada

E que vou ter que estudar

E mesmo assim já não sei

Como vou ter que explicar

Nem lendo o que está escrito

Ninguém sabe o que falou

Pois quer dizer outra coisa

Na linguagem do doutor

Nem sempre a rosa tem cheiro

Nem sempre a rosa é uma flor

Vou tomar banho no rio

Vou contar a minha história

Vou trocar o meu presente

Por um passado de gloria

Com certeza o meu futuro

Ficará na minha memória

Lá no mato se tem tudo

Tem mil coisas pra se ver

Tem o lindo por do sol

O mais lindo amanhecer

Tem amor tem amizade

Tem o eterno bem querer

Mas agora estou chorando

Porque não posso voltar

Morava perto de um córrego

Com o pensamento no mar

Hoje estou me perguntando

porque que eu mudei de lá?

Os bichos sentem saudades

E a gente sente também

E ambos ficam esperando

Sabendo que nunca vem

Porque se quer tanta coisa?

Sabendo que nunca tem

Talvez eu volte em sonho

E os bichos sonham também?

Se os bichos não sonharem

Esse encontro nunca vem

Vamos morrer de saudade

De amor de querer bem

Mesmo assim eu não desisto

Vou alimentar esperança

O sertão vive comigo

Morando em minha lembrança

Eu vou sempre alimentar

O meu sonho de criança

Sei que lá tem muitas cobras

Mas na cidade também

Mas lá tem contra veneno

Que na cidade não tem

E quando menos se espera

A cobra pica também

Conheço as cobras do mato

Na cidade é diferente

As cobras andam arrumadas

Se fingindo de contente

quando a gente se descuida

As cobras vem e picam a gente

Tem aparência bonita

Existe cobras faceiras

Uma fria e calculista

Outra muito interesseira

Foi aí que eu descobri

Vim do mato foi besteira

Agora lá não tem jeito

E eu vou ter que ficar

Aceitar o que vier

E tentar ma adaptar

Quem sabe se Deus quiser

Um dia eu possa voltar

Eu quero correr no mato

Arrancar toco com o pé

Ir cuidar de minha roça

Encontrar minha mulher

Dançar, pular, e cantar

Fazer tudo que eu quiser

Semear minha semente

E ver a planta crescer

Ficar feliz com as flores

Ter o fruto pra comer

Contagiante alegria

E motivo pra viver

Mas depois volto a chorar

Porque estou na cidade

Sou uma ave sem ninho

Não tenho felicidade

Agora estou vegetando

Sem ter vida de verdade

Cada um tem sua vida

Tem seu jeito de viver

Eu também terei a minha

Com certeza, pode crer

O que uns chamam de vida

Outros chamam de morrer

Eu sei que Deus não me esquece

Vou fazer minha oração

Eu vou cumprir a promessa

De voltar pro meu sertão

Vou viver a onde existe

Mais amor no coração.

POETA LIMA
Enviado por POETA LIMA em 15/11/2016
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