NOSTALGIA DE MATUTO


Quanta saudade eu tenho
Dos sabores do passado
Tocando boi no engenho
Naquele inverno gelado
No saboroso desjejum
Puxa - puxa de melado
Biscoito frita na gordura
A garapa do pé da cana
Farinha com rapadura

Relógio não existia
Quando cantava o galo
E a  estrela Dalva aparecia
A gente saltava da cama
Em plena escuridão
Atrelava os bois ao engenho
Começava a moeção
Circulando sem parada
Calça curta pés no chão
Blusinha rala remendada

No entorno do engenho
Eu girando atrás dos bois
Mãos e pernas congeladas
Vendo o fogo crepitante
Rapadura sendo apurada
O seu cheiro se espalhava
Meu desejo naquele istatante
Era a  vontade de correr
Nas fornalhas me aquecer

Quisera eu voltar o tempo
Ver tudo isso novamente
Voltar  minha  tenra idade
Abraçar aquela gente
De aconchego e lealdade
Meus colegas de jornada
Ter de novo sua amizade
Jogar baralho contar piada
Matar essa saudade

Nem tudo era sofrimento
Tinha o lado bom também
Melhor parte da historia
Ver a lua surgir do além
Entre plumas brancas no céu
Embelezando tudo na  terra
Beijando montes e serras
Uma Cauã gritando ao léu
A prenunciar o nascer do sol


Vislumbrar  seu arrebol
Ver o horizonte cor de maçã
Acortinado pela aurora
A espera do astro rei
A desfazer a bela cortina
Confccionada  pela neblina
Obra prima da natureza
Tornando  a face da terra...
Um cenário de rara beleza!

Desolado com um grão de areia
Perambulando  a divagar
Contemplei tanto a lua cheia
Entre os astros navegar
Na  franja auriverde do horizonte
Vi estrela cadente despencar
Beijando prados e montes
Despertando os passarinhos
Iluminando velhos caminhos



O  luar belo e soberano
Refletindo  na areia
Tão lindo como a sereia
A cantar no oceano
Tambem vi a bela luz
Da célebre  estrela guia
Que guiou  até Jesus
Os mágos a estrebaria
Aonde nasceu o Messia!






 
Geraldinho do Engenho
Enviado por Geraldinho do Engenho em 13/04/2016
Reeditado em 03/02/2020
Código do texto: T5604034
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