Rios Que Voam.
Rios Que Voam.
E assim à mercê dos ventos
Vagueiam de sul a norte,
Plumas brancas voam soltas
Escuras, pesadas, fortes,
Rebuscam suas figuras
Trazem vidas, trazem morte.
Em tons de branco ou de cinza
A depender do momento,
Chocam-se umas com as outras
Nas asas do próprio vento,
Pra uns trazem alegria
Para outros, sofrimento.
E nós de cá não sabemos
O peso que nelas tem;
Milhões e milhões de litros
Da água que delas vem,
Molha a terra ressecada
Enchendo os rios também.
Caindo em forma de gotas
Se espalhando na terra,
Forma enxurrada enche rios
Desce as encostas da serra,
Deixa os homens de joelho
Querendo provar quem erra.
E quando Deus quer mostrar
Que tudo aqui tem seu zelo,
Ele se senta nas nuvens
E transforma água em gelo,
Que caem em forma de pedras
Forçando o homem a temê-lo.
Traz morte em forma de raios
Barulho ensurdecedor,
Tormenta com ventos fortes
Espalha medo, terror,
De repente tudo cessa
A tempestade passou.
As comportas se fecharam
Mas deixou destruição,
É a natureza ferida
Empurrando o paredão,
Gritando em desespero
Reclamando com razão.
Corpos boiam na enxurrada
Ninguém entra ninguém sai,
Pedras rolam das encostas
Sem medir por onde vai,
E o intruso sem razão
De joelhos agora cai.
Deus então abre as cortinas
E mostra o céu azulado,
E estes rios que voam
Batem asas pra outro lado,
E por onde esses rios passam
O homem fica prostrado.