O TEMPLO DO PICARETA
 

Vou lhes contar a historia
Dum picareta danado

Que botou em sua cabeça

Ideia de um excomungado
Que quis abrir uma igreja
Com ensinamento medonho
Ajuntando todos os bodes
Pra formar o seu rebanho.


Disse o falso profeta:
Chegou o tempo da dureza.

Só penso numa mutreta
Vou abrir a minha igreja;
O grande templo do picareta!
Com trabalho e com todes
Com um belo manto éfode
Atrairei todos os bodes.

Protestantes e católicos
Muçulmanos e budistas
Todos têm seus propósitos
Suas doutrinas específicas.
Mas eu estou desgarrado
Me sinto muito humilhado,
Como um político derrotado
Que espera novo impulso
Fazendo papel avulso.

Excomungado por Roma
Amaldiçoado por Lutero,
Fui expulso da redoma
E agora o que mais quero,
É conduzir os meus bodes
Sendo eu o próprio clero

Rejeitado pelas igrejas
Acusado de heresia
Só me resta virar a mesa
E sair da maresia.
Eu que sou bom escolástico
Me portarei com maestria
Serei um eclesiástico
Para toda bodaria

Eis a grande apoteose
É o picareta na ribalta
Terei vinho em dupla dose
Bacalhau pão e batata
Terei uma tenda aberta
Onde o bode se liberta
Da avareza do somítico
E da promessa proferida
Pela santo paralítico

Minha igreja será única!
Não acharei diante de mim,
Maomé, nem Xavier;
Dalai Lama, nem mãe Joana,
O meu credo será exclusivo
Assim não corro perigo
De perder algum bode
Pro rebanho do inimigo

Chamarei os bodes céticos
Os políticos de rapina
Não quero homens éticos
Só quero amantes da propina.
Pilantras como o Dirceu
Não guardará meu dinheiro,
Pois além de presidente
Serei também o tesoureiro.

Acabou a grande moleza
Para os templos concorrentes!
Chegou o tempo da dureza
Com os bodes delinquentes.
Atrairei pro meu rebanho
De charlatão a prostituta,
Com todos irei a luta
E ganharei essa disputa!

Ton Poesia
Enviado por Ton Poesia em 24/01/2016
Reeditado em 10/08/2023
Código do texto: T5521578
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