NO CHORO COM MARIANA - PARTE I

No lenço todo molhado,

Externa-se o sofrimento,

Daqueles corpos morridos,

Confusão no pensamento

Deixa o homem atrapalhado,

Sem palavra e bem calado,

Naquele triste tormento.

Os olhos arregalados,

Com lama por todo lado,

Cadernos de estudantes,

No lamaçal encontrado,

O desastre da ganancia,

Do homem com arrogância,

No lucro bem calculado.

Chora a mãe desesperada,

A única sobrevivente,

Dos filhos e dos seus netos,

Com um choro comovente,

Na tragédia “anunciada”,

Da população calada,

Que foi pega de repente.

Ninguém sabe com certeza,

Como isso começou,

Terremotos ou negligencias,

Ou chuva que provocou,

Sabe-se na verdade,

Houve muita mortandade,

Por barragens que estourou

De dejetos e detritos,

Pelo homem explorado,

No minério duma empresa,

Na imprensa anunciado,

Com pouca propriedade,

Não falaram a verdade,

Ainda para o Estado.

Um braço foi encontrado,

Pelo corpo de bombeiro,

De uma pessoa que não,

Resistiu por inteiro,

Em um lugar bem distante,

Um desencontro constante,

De um terror derradeiro.

Ninguém sabia se era,

Da mulher ou de um homem,

Pois os vestígios na lama,

Desaparecem e somem,

É de cortar o coração,

Com choro e comoção,

Que os mais fortes consomem.

Naquele porta retrato,

Pelo lamaçal boiando:

Uma jovem com a criança.

Um homem fotografando,

Divulgados nos portais,

Registrados nos anais,

Dos estragos relembrando.

Muitas vidas se perdeu,

Daquela população,

Os poucos sobreviventes,

Sentem a dor no coração,

O Brasil despreparado,

Teve um povo destronado,

Da família a união.

JOSÉ MÁRIO POETA CADEIRANTE
Enviado por JOSÉ MÁRIO POETA CADEIRANTE em 30/11/2015
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