TÃO bANANEIRA

TÃO BANANEIRA

Calaram-se os tamborins

Ainda não é quarta-feira

O morro todo se quietou

Com a morte do Tão bananeira

Que todos chamavam de professor

Não era personagem do samba

Não era de partido alto

Na sua vida nunca foi o bamba

Sua origem era o asfalto.

Um dia conheceu rosinha

Mulata de andar macio

Trazendo no rosto um belo sorriso

E no olhar um insinuar atrevido

Em nome de um grande amor

No morro pela primeira vez ele subiu

Decepção e muita dor, Quando ele descobriu.

Que ao lado do seu barraco, com outro ela o traiu.

Mas Tão não era homem de se entregar

E além de tudo, tinha acostumado àquele lugar.

Gostava das crianças e aos velhos acostumara ajudar

Tinhas projetos com rosinha,

Mas devido à traição, precisava alterar.

Foi em um ímpeto de amor ao próximo

Que uma ONG resolveu fundar.

Não havia recursos para o projeto iniciar

Era necessário que houvesse pelo menos um lugar

Sem opção, Tão, debaixo das bananeiras, começou a ensinar.

Quantos passaram pelas suas mãos

Quantos do mundo do crime ele conseguiu desviar

Ele nunca criou ilusões

Mas não impediu ninguém de sonhar

E neste enredo seguia a sua trajetória

Até que em um maldito dia, bem fora de hora.

Em sua porta rosinha bate, Com a desculpa de que se perdeu.

Pedindo abrigo, e em um momento de fraqueza, ele cedeu.

Ali começou o desassossego,

Não sabia ele que estava mudando a sua sorte

Pois o rival, no morro era pessoa forte.

E no leve estalar de dedos o condenou a morte

E na manhã de terça-feira de carnaval

Sem dó e sem clemência, foi executada a sentença.

Diante deste crime nada passional,

Tão bananeira, virou estatística de jornal.

Charles Vagner
Enviado por Charles Vagner em 17/11/2015
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