TÃO bANANEIRA
TÃO BANANEIRA
Calaram-se os tamborins
Ainda não é quarta-feira
O morro todo se quietou
Com a morte do Tão bananeira
Que todos chamavam de professor
Não era personagem do samba
Não era de partido alto
Na sua vida nunca foi o bamba
Sua origem era o asfalto.
Um dia conheceu rosinha
Mulata de andar macio
Trazendo no rosto um belo sorriso
E no olhar um insinuar atrevido
Em nome de um grande amor
No morro pela primeira vez ele subiu
Decepção e muita dor, Quando ele descobriu.
Que ao lado do seu barraco, com outro ela o traiu.
Mas Tão não era homem de se entregar
E além de tudo, tinha acostumado àquele lugar.
Gostava das crianças e aos velhos acostumara ajudar
Tinhas projetos com rosinha,
Mas devido à traição, precisava alterar.
Foi em um ímpeto de amor ao próximo
Que uma ONG resolveu fundar.
Não havia recursos para o projeto iniciar
Era necessário que houvesse pelo menos um lugar
Sem opção, Tão, debaixo das bananeiras, começou a ensinar.
Quantos passaram pelas suas mãos
Quantos do mundo do crime ele conseguiu desviar
Ele nunca criou ilusões
Mas não impediu ninguém de sonhar
E neste enredo seguia a sua trajetória
Até que em um maldito dia, bem fora de hora.
Em sua porta rosinha bate, Com a desculpa de que se perdeu.
Pedindo abrigo, e em um momento de fraqueza, ele cedeu.
Ali começou o desassossego,
Não sabia ele que estava mudando a sua sorte
Pois o rival, no morro era pessoa forte.
E no leve estalar de dedos o condenou a morte
E na manhã de terça-feira de carnaval
Sem dó e sem clemência, foi executada a sentença.
Diante deste crime nada passional,
Tão bananeira, virou estatística de jornal.