Os rio qui nun ta sêco tão sujo

Airam Ribeiro 14/10/2015

No dia que a água cabá

É qui vão sabê qui cabô

Nun ouve a voz do poeta

Qui ta sempre avisano

Qui a água ta acabano

Cuma se fosse profeta.

Na lamentação medonha

Das puisias tristonha

Qui nois tão a escrevê

Á água tem de acabá

Pra vosmicêis acreditá

Qui vai fartá para bebê?

Ramo ficá na insônia

Pois já vem da Amazônia

A chuva tocada no vento

Pur aqui ta isturricano

A terra ta se esquentano

Sem a precata já nun guento.

Devastáro a matação

Nun se vê sombra no chão

E o sór ta quente de raxá

Aqui faço este cordéu

Sem niuma nuve no céu

Para em xuva se transformá.

Ocê pode inté se injuá

Mais desse tema vô falá

Nun se importa se ocê nun lê

A água é meu combustive

Sem ela nóis nun vive

Só se ta viveno vosmicê!

Já vi a água da biquinha

Ali onde corria limpinha

Hoje no rio só tem a poêra

Pôco a pôco ta cabano

E esse merda do ser humano

Ta pensano qui é brincadêra!

Bebe água das pratelêra

Numas garrafa porquêra

Qui só suja o mêi ambiente

E os rio qui ta inda xêi

As porquêra ta no mêi

Se bebê fica duente.

Ao lado do rio abundante

To cum sede naquele instante

Porque da água nun posso bebê

Ele vem com mijos e merda

Quem fez isso ali já herda

O plantio que vai colhê.

Tô veno no nuticiário

Mostrano nos comentário

Qui o São Francisco ta secano

O rio doce ta também

Água nele já nun tem

Gente dentro ta andano.

Tô veno o rio Tietê

Mas eu falo pra ocê

Qui ta defice de limpá

A conversa disso daí

É só para boi drumi

E para superfaturá.

Já rezei neste cordéu

Já fiz ladainha pro céu

Até o terço já tô a rezá

Já fiz inté penitênça

Fiz lovô pra Onipotênça

Um tiquin de xuva mandá.

E o guverno ta que rouba

E nóis aqui ta que roga

Pra Deus tê dó da gente

O diêro deles nun vai comprá

Pois a água nun vai axá

Vão morrê cum sede ardente.

Airam Ribeiro
Enviado por Airam Ribeiro em 16/10/2015
Código do texto: T5417163
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