Um futuro muito sêco

Airam Ribeiro 30/09/2015

Lá no pôço deu banhá

Hoje cedim eu tava lá

E vi cum zói a água pôca

Min vêi na imaginação

É essa tár da poluição

Dessa gente qui ta lôca.

É somente um fiozinho

Desceno devagarinho

Inté xegá no meu pôço

Ai meu Deus se nun xuvê

A devastação eu vô vê

Aqui no meu sítio seu môço!

O pôço ta xêi fico oiano

Mais cum o sór evaporano

Logo logo ele vai isvaziá

Quem tem gado qui privina

Quem martrata vê a sina

Da água intão se acabá.

Né praga minha não!

Trôço pra xuvê de montão

É qui o home ta descuidado

São pôca as árvore no xão

Promoveno a sequidão

Dexano tudo ressecado.

Niuma nuve lá longe além

Nun se inxerga nada, ninguém!

O céu ta todo azulado

Nóis nun se vê niuma mióra

E cada dia só qui pióra

Da para ficá percupado.

A água já ta bem quente

Pode vim vê minha gente

Parece qui saiu do fugão

E esse pobre cantadô

Vai rimano as suas dô

No futuro fêi que virão.

As valas cortam a terra

Como corta a moto serra

As árvores qui tão impé

E o brejo vai secano

E sem sombra vai ficano

Os home de pôca fé!

Fico oiano o meu riaxo

Tão fraquin! sabe o que axo?

A sua força vai acabá

Ao contrario da ganança

O meu riaxin ele já cança

E num vai xegá no mar.

Tudo isso vai pra balança

Vai pezá toda a ganança

Do home qui qué sempre tê

Ah! Como bom isso seria

Se esse home um dia

Pensasse somente no ser!

Airam Ribeiro
Enviado por Airam Ribeiro em 30/09/2015
Reeditado em 30/09/2015
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