COMO É TRISTE O MEU NORDESTE / QUANDO NÃO CHOVE NO CHÃO
Como é triste o meu Nordeste / Quando não chove no chão
I
Tudo é triste no Nordeste
Quando não chove no chão.
Falta chuva, falta água
É a maior aflição
O gado morre de fome
Acaba-se a plantação
Como é triste o meu Nordeste
Quando não chove no chão
II
No Sertão esturricado
Há uma grande tristeza
Acaba toda beleza
Não tem vida nem emoção
É grande a solidão
No sertão e no agreste
Como é triste o meu Nordeste
Quando não chove no chão.
III
Não há vida, não há nada
Não há milho nem feijão
As aves de arribação
E o verde se afasta
Vem o calor da desgraça
Em toda vida campestre
Como é triste o meu Nordeste
Quando não chove no chão.
IV
Sem chover não há comida
O caboclo passa fome
Mesmo assim ele é um homem
Não arreda do seu chão
Só no último caminhão
Ele vai para o sudeste
Como é triste o meu Nordeste
Quando não chove no chão.
V
A terra fica medonha
Pra quem vive no lugar
Não adianta apelar
É grande a judiação
Dói a alma e o coração
Só pedindo a Deus Celeste
Como é triste o meu Nordeste
Quando não chove no chão.
VI
A terra fica ardendo
Quá fogueira de São João
Como diz em seu baião
O grande Luiz Gonzaga
Falando da grande chaga
Que se transforma em peste
Como é triste o meu Nordeste
Quando não chove no chão.
VII
O homem sai sem destino
No primeiro pau-de-arara
Pois água é coisa rara
Desgraça tem de montão
Dói demais no coração
Do home cabra da peste
Como é triste o meu Nordeste
Quando não chove no chão.
VIII
Porém quando volta a chuva
A fartura é bastante
De volta o emigrante
Tem grande satisfação
O verde brota do chão
E de vida se reveste
Como é lindo o meu Nordeste
Quando há chuva no sertão.
Literatura de Cordel: VALORIZE ESSA CULTURA!
Autor: Carlinhos Cordel
Cupira, 02 de abril de 2010.