O encontro do mestre King-kong com Celso Itaparica na festa de iemanjá
ENCONTRO DO MESTRE KING-KONG
COM CELSO ITAPARICA NA FESTA DE IEMANJÁ
No dia dois de fevereiro
É dia de homenagear,
A rainha das aguas
A famosa Iemanjá.
Todo ano na Bahia
É grande a alegria
Quando esse dia vem a chegar.
Na festa nos encontra
Do profano ao sagrado,
Mulheres lindas no samba,
Mostrando seu rebolado.
Os atabaques tocando
Vai a festa ritmando
Nosso povo animado.
Nas ruas é fácil encontrar
Toda forma de diversão
O jogo da capoeira
Chama muita atenção,
Lugar cheio de intriga,
Só vai quem é bom de briga!
Aqui se da à confusão.
Numa roda formada
Com os mestres da Bahia,
Dentre eles os afamados,
Dendê de Canjiquinha,
Zambi e Marinheiro
Dois caba bom e ligeiro
Da capoeira da Bahia,
King Kong e Saguim
Também estava presente
E o mestre Bad Boy
Um dos mestres competentes,
Dinho, Sapo e Nal.
Comandava e berimbau
E jogava consciente!
Os alunos dos mestres
Animava a brincadeira
A roda estava tranquila
Às vezes uma rasteira
King Kong dominava
Só saiu quando esgotava
A sua força guerreira.
King Kong descansava,
Chegou um forasteiro
Ninguém o conhecia
Comprou com marinheiro
Jogou numa cadencia
Mostrando experiência
De mestre mandingueiro.
O forasteiro responde
Pelo nome de Celsão.
O Celso de Itaparica
É do tipo valentão!
Ele não corre de briga
Onde começa a intriga
E toda a confusão.
Chegou sem se apresentar
E foi na roda entrando...
Marinheiro balançava
Celsão vai mandigando
De repente a cabeçada
Por marinheiro lançada
Celsão foi acertando.
O toque do berimbau
Mudou logo no instante,
O jogo ficou outro,
Habilidades impressionantes,
Era na roda demostrada
E foi cada pernada
Um jogo alucinante.
De repente uma perna
Subiu bem alongada
Era o Mestre Marinheiro
Dando mais uma pernada,
Ela veio muito ligeira,
Mas foi uma rasteira
Que resolveu a parada.
Marinheiro saiu do jogo,
Zambi comprou a briga.
Celsão no “pé do berimbau”
Disse ao tocador: prossiga,
O jogo esta animado
E não vai ser esse coitado
Que vai fazer a cantiga.
Mestre Zambi olhou Celsão
Não demostrou nenhum medo
Agachou no berimbau
Forte como um rochedo
Fez no chão sua mandinga
Saindo logo pra ginga
Demostrando seu segredo.
Celsão entrou no jogo
Ele já tinha o seu curinga
Aprendeu em Itaparica
A conhecer as mandingas
Logo ele levou vantagem
Em cima da mandigagem
Toda vez que ele xinga.
Zambi levantava a perna,
Celsão falava palavrão
E a perna de Zambi
Quase não saia do chão,
Zambi ficou nervoso
Saiu da roda raivoso
Pedindo aperto de mão.
O jogo continua
Com os demais capoeira
Os alunos vão entrando
Vai levando rasteira
E King Kong buscava ar
Querendo entrar pra jogar
Pra fazer sua brincadeira.
Celsão saia da roda
Saiu dando gargalhada,
King Kong se levantou...
Disse: vem alma desgraçada
Já estou pronto pra jogar
E você quer se mandar
Antes de levar sua pernada.
Celsão voltou pro jogo
Agachou no berimbau
E disse: venha mestre
Tô a fim de trocar um pau
Vamos ver se tu és bom
Quero que mostre o seu dom
Pois eu vou ser muito mau.
A roda se fez silencio
Pararam todos os instrumentos
King Kong disse: taca fogo,
Aqui não vai ter lamento
Hoje acaba sua fama
E começa o seu drama
Esse é o meu juramento!
-Mestre deixa de conversa
Sou Celso Itaparica
Não me diga desaforo
Ou você se complica.
Capoeira é jogada
Com você é falada
Jogue não me explica
Sai King Kong no au,
Celsão saiu alongado
Um de frente com outro
Estudava o gingado,
São Bento grande tocava
A palma acompanhava
O jogo determinado.
São Bento grande é
Um toque que foi criado
Pelo saudoso Bimba
Para ser executado
Um jogo de atenção
Reflexo e aptidão
Tem que ser demostrado.
Ali na roda estava
King Kong e celsão
Demostrando conhecimento
Do jogo em questão
Mostravam velocidade
E muita agilidade
Estava feia a confusão.
Os martelos de King Kong
Como raio passava,
Celsão com maestria,
Do golpe desviava
Mostrando conhecimento
De quem tem entendimento
Da arte que praticava.
E celsão revidava
Com au e chibatada,
King Kong no rolê,
Ele saia dando risada,
Mostrando experiência
E muita eficiência
Da capoeira jogada.
O berimbau se quebrou
O aço foi logo reposto
E no mesmo instante
Um acordo foi proposto
Apontaram a direção
Sem nenhuma combinação
Volta ao mundo foi imposto.
Deram duas voltas,
No berimbau agacharam
E apertando as mãos
Os olhares se cruzaram,
Logo King Kong disse: joga bem
Celsão disse: você também
E pro jogo eles voltaram
O toque do berimbau
Mudou novamente,
As habilidades dois
Notava-se claramente,
O publico fez alvoroço
Acredite seu moço
Acabou rapidamente
Eles apertaram as mãos,
Ninguém saiu machucado.
Mas foi impressionante
O quanto são preparados,
Nunca que vou esquecer
Oque meus olhos pode ver
Para sempre será lembrado,
Depois de isso acontecer
Saíram na mesma direção
Na rua da paciência
Uma cena chamou atenção
Os dois ali caminhavam
Um ao outro ensinava
Arte e aptidão.
Nesse mundo tu não sabes
Quando que vai encontrar
Alguém que tenha conhecimento
Para poder lhe ensinar
Demostre humildade
Mostre sua capacidade
Quando esse alguém encontrar.
Foi Celso Itaparica
Que esse final contou
Guardei seu conhecimento
Mas ele me cobrou
Tomamos uma cachaça
Ali mesmo na praça
E em outra roda ele entrou. FIM