HISTÓRIA DE UM RESSUSCITADO E A CERVEJA
Certo dia de sol claro
O mundo iluminando
Por um caminho eu ia
Displicente caminhando
Quando avistei à frente
Parecia alguém doente
Pois ia cambaleando
Alcancei o camarada
Pra saber se estava tonto
Pois se caso estivesse
Teria um desencanto
Já que alguma condução
Mesmo vindo em sua mão
Poderia dar-lhe um tranco
Alcançando perguntei-lhe
Se tudo estava bem
Com uma voz embargada
Ele me disse porém,
Que teve uma experiência
Daquelas que ninguém pensa
Que um certo dia tem!
Fiquei meio intrigado
Quando ouvi o seu assunto
Pois segundo o que falou
Ele seria um defunto
Pois morrera tendo dor
E em um congelador
Ficou horas de pés juntos
Mas depois de muito tempo
Quando o iam sepultar
Perceberam que seu corpo
Começara a se esquentar
Houve então um corre corre
Já que alguém que morre
Tende mais é esfriar
Segundo o que me falou
Doze horas esteve morto
No depósito de defuntos
Por muito gelo envolto
Pois para não cheirar mal
O frio tem que ser total
Pra conservar algum corpo
Muita coisa ali ouvi
Daquele ressuscitado
Pois foi uma experiência
Que nunca tinha passado
Me contou o que ele viu
No tempo que se sentiu
Do nosso mundo afastado!
Se o leitor tiver paciência
E quiser saber de fato
Das horas que ele passou
Entre gelo confinado
Num cordel eu narrarei
Pois muito me interessei
Pelo que me foi falado!
*
A CERVEJA
01 Tendo dele a licença
Para a historia escrever
Peguei a minha caneta
E a ouvir comecei:
Depois dele ter morrido
Os fatos acontecidos
Suas palavras anotei!
02 Assim ele me fez
A seguinte descrição:
-Eu fiquei muito doente
Com um mal no coração
Tal foi a magnitude
Que perdi minha saúde
Sempre caindo ao chão
03 E as paradas cardíacas
Surgiam sem eu pensar
E na última, ocorrida
Tiveram que me internar
Ao ser hospitalizado
Eu estava desmaiado
Para nunca mais acordar
04 Me vi sendo elevado
Para uma imensidão
Parecia o Universo
Com estrelas em clarão
Cheguei numa passarela
Onde vi, do alto dela
Um profundo buracão
05 No fundo, um alienígena
Tinha na mão um tridente
Ele dava gargalhadas
Demonstrando estar contente
Eu vi fogo e labaredas
E em meio às centelhas
Vi um tacho efervescente
06 Mas olhando para o alto
Eu vi um jardim florido
Muitos anjos ali cantando
Um coral desconhecido
Eu podia perceber
Que eu estava a ver
O inferno e céu divididos
07 Perguntei para um outro
Que ao meu lado eu vi
Que lugares eram aqueles
Que eu não reconheci?
Uma voz meiga a falar
Eu passei a escutar
Respondendo o que inquiri.
08 -Este feio buracão
É o inferno temido
Já o jardim, nas alturas
É o céu, sempre florido
Você está aqui pra ver
E num deles vai viver
Conforme for merecido
09 -Eu quero ir para o céu
Falei sem pestanejar!
Porém ele me disse
Que eu tinha que penar
Pois nos dias que eu vivera
Uns erros eu cometera
E teria que pagar
10 E pra tanto, Deus iria
Uma chance ainda me dar
Eu voltaria a ter a vida
E na terra continuar
Mas sabendo que no além
Há dois reinos para quem
Vai sofrer ou jubilar
11 De tudo que eu ouvi
Daquele anjo discreto
Pude ficar sabendo
Que há um certo decreto
Que após a nossa morte
Vamos ter um novo importe
Num buraco, ou céu aberto
12 Das frases que eu marquei
Pra que muita gente veja
Foi uma orientação
Pra quem gosta de cerveja
“Se falecer embriagado
Pra sempre será queimado
Numa fornalha acesa!