CORDEL DO TEMPO
CORDEL DO TEMPO
O Tempo dá a cada vida
hora certa da chegada
e a hora da partida.
Se é dia ou madrugada
sempre é certa sua lida
No destino já traçada.
O tempo cura as dores
Quando tudo está perdido.
Dá à vida novas cores,
Dá à morte real sentido
Levando a febre e os temores
Do corpo gasto e abatido.
O tempo corre no espaço
Gira com as voltas do mundo.
Não conhece dor , nem cansaço,
Preenche um poço profundo,
Preenche as letras que faço
Fazendo o traço bem fundo.
Existe tempo para o amor
Que vem mesmo sem aviso
Traz alegria e a dor,
Faz coração perder juízo
leva na mão uma flor
Que tirou do paraíso.
É o tempo do bem amado
Quando chega triunfante
Como o sol todo dourado
Apontando no horizonte.
Ele é a sede, o abrasado
A mulher é sua fonte.
Há tempo do aguaceiro,
Que é chuva, é temporal.
Vem no mês de fevereiro
Até março no final.
Cai a casa, faz atoleiro,
Transbordam rios e arrozal
Há o tempo da fartura,
Casa farta, mesa cheia.
Há o tempo da apertura
O que era muito se escasseia.
È só esperar pela ventura
Quando dá a volta e meia.
O tempo tem sua hora
Para tudo acontecer,
Depressa ou com demora
É difícil de entender.
Ele caminha sem pressa
De manhâ ao anoitecer..
Vem quietinho, silencioso,
Olha as frestas da janela
Como é muito curioso
Vê que se esconde por trás dela
Come o pão já amargoso
Que guardaram na tigela.
Deixa escrito atrás da porta
Ninguém sabe o que escreveu:
É língua viva ou língua morta,
Quem viu nada entendeu.
A filha do dono cai morta...
A escrita esclareceu.
A mãe estremecida
Pede ao tempo por seu filho:
_Não sou nem dono da vida,
Nem do sol, nem do seu brilho.
E´ pra mim desconhecida
minha estrada, o meu trilho...
Não sei de onde venho
Só sei do compromisso:
Trabalhar com todo empenho
Não negando meu serviço,
Se na mão o peixe tenho
Ao pescador dou um caniço.
Não sei qual minha semente
Vem do tudo, vem do nada
Como Deus Onipotente
Eu não paro na escalada
Pra viver eternamente
Sem ter fim nesta jornada...
O tempo é minha espera
No portal que desconheço,
Se for inverno ou primavera,
Não penso, não estremeço.
Tudo aqui é só quimera,
Mesmo assim tudo tem preço.
Agora vou-me afastando,
acabou tinta e papel.
O tempo está me avisando:
A lua brilha no céu.
Espero estejam gostando
Dos meus versos de cordel