LENDA DA MÃE DA LUA
Toda a tribo se assustou
Quando Imareó nasceu,
Por que era muito magra
E mesmo assim sobreviveu.
Das crianças da aldeia
De todas era a mais feia
E piorou quando cresceu.
Nenhum índio da tribo
Com Imaeró quis se casar,
Pois deitar com cunhã feia
Pajé diz que dar azar:
E nenhum índio queria
Ficar ruim de pontaria
Toda vez que ia caçar.
Muito triste, Imaeró,
Índia solteira e pura,
Só saia de sua oca
Em noite bem escura,
Pois tinha consciência
De sua aparência,
De sua horrível figura.
Numa certa noite encontrou,
A esmo na escuridão,
Um príncipe que se perdera,
Andando em distração.
Sendo o jovem atraente
Imareó, muito contente,
Entregou-lhe seu coração.
Propôs ela ao príncipe
Guiar-lhe pela estrada
Se ele a esposasse
Sem lhe mais exigir nada.
Tinha que prometer
Antes do amanhecer
Torná-la mulher casada.
Pela sua voz doce
O príncipe, apaixonado,
Assim, mesmo sem vê-la,
Disse: - Está combinado,
Vamos meu benzinho,
Mostre-me logo o caminho,
Estamos quase casados.
Então, Imaeró, levou
O príncipe transviado.
Tendo pela escuridão
Os seus olhos vendados.
Não sabia o rapaz
Que a figura de satanás
Estava bem do seu lado.
Mas um raio de luar,
Sobreveio, malicioso,
E quando o jovem viu
Seu aspecto monstruoso.
Debandou espavorido
E no mato ficou perdido
Pois, o futuro esposo.
Desesperada, Imaeró,
Pediu a uma feiticeira
Que lhe desse asas
Para ir a toda carreira,
Pelas matas rapidamente
Atrás do seu pretendente
E casar de qualquer maneira.
Com seu par de asas
Pela noite teria saído
Cobrar o casamento
Que lhe fora prometido,
Mas o noivo, assombrado
Não quis ser encontrado,
Preferiu ficar perdido.
Assim, o povo conta
Que a índia Imaeró
Teria virado ave,
Mas pra sempre ficado só
E por isso amargurada,
Em noite enluarada,
O seu canto chega a dar dó.
Virou ave mãe da lua
Imaeró apaixonada,
É o que diz a lenda
E eu não duvido nada,
Pois já tomei um espanto
Com o seu triste canto
Certa noite passada.