"EXEMPLO"

Seu dotô vou lhe falar

Prumode o sinhô sabê

Que nessa nossa terra

É triste o meu vivê

Num sei se é mió a vida

Ou se mió é morrê.

Logo cedo eu perdi

Meu querido pai herói

A tristeza foi tanta

Que a água secô dos ói

Isso faz muito tempo

Mas até hoje me dói.

Dezessete foi o dia

Duma tarde de agosto

Setenta e oito o ano

Deste triste desgosto

As marcas do sofrimento

Tá tatuada em meu rosto.

Minha mãe em desespero

Numa cadeira estava

Cercado por meus irmão

Senti quanto à vida pesava

Eu consolava cada um

Mas nenhum me consolava.

Do hospitá levaro o corpo

Pro cemitéro dotô

Num caixão de taba fina

E um punhado de fulô

Jogaro numa cova funda

Que o covero cavô.

Foi minha mãe quem disse

Que assim se asucedeu

Pois eu não vi o meu pai

Depois que ele morreu

Fiquei cuidando da casa

Dos meus irmão, mais eu.

Era o fio mais véio

Quinze ano de idade

E assumi logo cedo

A responsabilidade

De cuidar da famia

Com dom de paternidade.

Pouco tempo eu vivi

Com o meu genitô

Mas direitin aprendi

O que ele me insinô

Com licença, obrigado

E se pedir, por favô.

Respeitar o próximo

Não matar, não roubar

Não chorar falsamente

Ser sincero no falar

Não sorrir por aparência

E ser reto no andar.

Para honrar o meu pai

Nisto eu me empenho

Que a todos sou igual

Disto não me abstenho

Insino para os novo

Os traços deste desenho.

Jurandir Silva
Enviado por Jurandir Silva em 30/01/2015
Reeditado em 30/07/2018
Código do texto: T5120184
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