Meu Dia
Na ponta do lápis carrego minha sede de expressar
Nas palavras carrego o pulsar do coração
No peito carrego os antepassados que um dia
viveram no meu sertão.
Não tiveram luxo
Nem água e nem comida todo os dias
Tiveram o calor, a fome e a seca temida
O povo não reclama, agradece
Ao senhor que mantenha seu espirito vivo
Não desmotive, pós a chuva manda saudações a terra sofrida.
Versos que ouvi
Palavras que aprendi
Cultura que dancei
E a rapadura que comi
Não nego minhas origens
Sou bravo, forte e batalhador
Senti a fome bem pertinho
Mas de longe escutava
A mãe gritando, passa dentro
A janta tá esfriando
Fui feliz, sou feliz
No terreiro brincando
Sujo ficava, não nada de bullying
Apelido todos davam
Mas depois o sermão da mãe não escapava
Apanhava com certeza
Chinelo era moleza
Agora o cipó da vó que era dureza
Meu dia era o sol radiante
Meio dia era o sol escaldante
Mas a noite era uma lua linda e brilhante
Areia branca e fria colocava os pés
Descalço para sentir a natureza
Sem preocupação com nada
Noite ia dormir
Mas não poderia esquecer da benção da mãe amada.
Otávio Oliveira!