Vou “avechadim” matar a saudade
I
Sessenta dias que saí do nordeste
em direção ao sul, aos pampas gaúcho.
Terra de gente brava, terra de macho,
que campeia o gado, que ara a terra, investe
no nacionalismo, defende a veste.
Corre arisco, forte, busca a irmandade,
luta contra toda dificuldade,
alastrando sua cultura, sua rotina.
Escutando o zumbido da turbina
do avião, vou “avechadim” matar a saudade.”
II
Santa Maria: bucólica, inconteste,
com ares de metrópole, grande cacho
de universidades, imponente riacho
de saber, exuberante céu celeste.
Seu povo feliz cultua grande apreste
na direção do futuro. Cidade
que primeiro acolheu com humildade
o Santuário Mãe Rainha Peregrina.
Escutando o zumbido da turbina
do avião, vou “avechadim” matar a saudade.
III
Falei do sul, mas sou do norte-leste,
terra seca, árida, pó, sem cambalacho
com o irmão, difícil de ser capacho,
povo combatente, cabra da peste.
Vibra com a chuva, venera o agreste,
sonha com riqueza, felicidade,
aceita os desígnios de Deus, Vontade
Soberana, com fé, fibra, doutrina.
Escutando o zumbido da turbina
do avião, vou “avechadim” matar a saudade.
IV
Por derradeiro, argumento deste
sentimento duro, vil esculacho
da vontade, indubitável escracho
da existência, falo do sofrível teste
da separação, melancolia. Veste
sôfrega, apática, máscula; maldade
dolorosa da alma, intensidade
do distante. Calma, alento, surdina.
Escutando o zumbido da turbina
do avião, vou “avechadim” matar a saudade.
PS: Martelo Agalopado composto na cidade de Santa Maria,RS, quando servi por aquelas bandas do sul, tchê!!!!!