HISTÓRIA DE VAQUEIRO
Lembro com muita saudade
Do meu tempo de menino
Do amanhecer na fazenda
Do vaqueiro campesino
Das festas de vaquejadas
Do meu sertão nordestino
Saudades trazem lembranças
Que aquecem a memória
No Estado do Ceará
Aconteceu essa história
Da vida desse vaqueiro
Quase toda trajetória
Aos doze anos montava
Provando ser bom vaqueiro
Aos dezoito era afamado
E mesmo sem ter dinheiro
Aos vinte e dois se casava
Com filha de fazendeiro
Seu nome foi conhecido
Da Serra Grande ao sertão
Não lhe faltavam convites
Pras festas de apartação
E boi que ninguém pegasse
Só ele botava a mão
Na vida de bom vaqueiro
Sempre ele era convidado
Pegou lá no pé de Serra
Um garrote encabojado
Depois disso em pouco tempo
Seu destino foi mudado
Envolveu - se em amizades
Com experientes vaqueiros
Por sua ingenuidade
Achou que fossem parceiros
Sem imaginar que eram
Todos falsos e traiçoeiros
Aqueles falsos vaqueiros
Viviam roubando gado
Por está ele envolvido
De roubo foi acusado
Pra não sofrer na prisão
Fugiu de noite apressado
Sabendo dessa verdade
Sua mulher não agüentou
Com o filhinho nos braços
Pra casa do pai voltou
Esperando ele mudar
Nada daquilo falou
Fugindo pro Piauí
Por cinco anos viveu
Na casa de seus parentes
O lugar que se escondeu
Arranjou muitas amizades
Em confusões se meteu
Deu muito desgosto aos tios
Com a vida que levava
Saindo na sexta feira
Só na segunda voltava
Chegando ainda zangado
Com seus tios não falava
A mulher dele no sul
Onde estava a trabalhar
Sabendo notícias dele
Mandou logo lhe buscar
Lembro o dia da partida
E mais nada ouvi falar
Nosso vaqueiro partiu
Foi embora e não veio mais
Com cinco anos depois
Mostrou como era capaz
Mudando completamente
Vaqueiro bom assim faz
Soube da última notícia
Está no Rio de Janeiro
Hoje é um grande empresário
Também um bom fazendeiro
Conserva ainda guardado
Os seus trajes de vaqueiro