NO MATO, SEM CACHORRO!

NO MATO, SEM CACHORRO!

Silva Filho

[Se no mato, sem cachorro]

Sempre está o eleitor

Um pedido de socorro

Não tem condão salvador

É preciso algum desforro

Ou talvez, algum esporro

Dum poder renovador.

Quem tem valor soberano

Dentro da democracia

Só o sopé do altiplano

Que se chama “maioria”

Seja um cidadão urbano

Ou qualquer um varziano

Tem poder, na teoria.

Muito pior pra Nação

Quando imerso em apatia

O eleitor faz opção

Pela simples revelia

Na urna, lavando as mãos

E legando a seus irmãos

A mais triste serventia.

Para assumir o governo

Escolhe-se um patrício

Pois sendo o país soberbo

Não vai ficar submisso

Nem vai incorrer no erro

Esperando que um desterro

Traga a nós algum vindiço.

Pois se deve um brasileiro

Assumir nosso comando

Como agulha no palheiro

O eleitor vai procurando

Quem de modo costumeiro

Tem mostrado ser ordeiro

Sendo avesso aos desmandos.

Qualquer que seja o eleito

Será u’a amostra do povo

Muito embora um desafeito

Com o que se pede de novo

Não há humano perfeito

E o Brasil, com seu trejeito

Tem na essência o estorvo.

Pra votar com inteligência

É só formar a maioria

Num processo de aderência

Feito com sabedoria

Se votar com consciência

No final, a preferência

Bem restringe as avarias.

Não há Santo disponível

Pra essa nobre missão

Se qualquer um é passível

De fazer malversação

Sendo um eleitor sensível

Dê ao voto um bom nível

Escoimando a encenação.