NÃO DEIXE A FELICIDADE ESCAPAR

Poema inspirado no cordel AQUELA DOSE DE AMOR do poeta ANTONIO FRANCISCO/Mossoró-RN, minha homenagem a esse grande poeta e amigo que admiro e sou fã.

Certo dia eu caminhava

Nas estradas do sertão

Sem um destino certo

Sem levar nada nas mãos

Somente eu e o tempo

Andando sem direção.

E por esses caminhos

Eu comecei a enxergar

O valor da natureza,

Do valor do nosso ar,

A beleza desse mundo

Que existe nesse lugar.

Fiquei reparando tudo

E caminhei observando

Olhando pra todo lado

Olhava em todo canto

E como eu não achei nada

Eu continuei andando.

Mas derrepente eu avistei

Num tronco de algodão

Um pote meio estranho

Com um pedaço de pão

Abaixei-me pra pegar

O pequeno pote do chão.

Comecei a olhar o pote

Par saber o que tinha ali

Quando ouvi derrepente

Um canto de juriti

Procurei por todo lado

Mas cadê? Que eu não vi.

Aí eu fiquei pensando

Será que eu imaginei,

Esse canto de pássaro

Ou fui eu que me assombrei?

Com os ruídos da floresta

Que por ali eu escutei.

Eu num quis nem saber

Duas vezes eu não pensei

Deixei o pote largado

No canto que encontrei

Achando que era macumba

Por ali mesmo eu deixei.

E eu segui o meu caminho

Continuando a ouvir

Aquele canto de pássaro

Cantarolando por ali.

E eu sabia com certeza,

Que era sim, uma juriti.

Foi quando eu avistei

Num galho de juazeiro

A juriti cantadora

Com um jeito faceiro.

Eu tentei me aproximar

Mas ela voou foi ligeiro.

E eu tentava chegar perto

Tentando me aproximar

Mas ela tinha medo

E se preparava pra voar.

Ela saia voando alto

Só dava tempo chegar

E fiquei sem entender

Porque tanto ela fugia,

Pensei: - Deve ser o homem

O causador dessa agonia

Por ter tanto maltratado,

Esse pássaro um dia.

Mas derrepente a juriti

Em meu ombro ela pousou,

Balançou a sua cabeça

Então pra trás ela voou,

Do caminho que eu vinha.

Eu disse: - Eu também vou.

E saí ela seguindo

Por cima de pedra e pau

Seguindo o canto dela

Achando não ser normal

Uma pessoa esta seguindo

Um canto de um animal.

Foi quando eu percebi

Aonde tinha pousado,

Em cima daquele pote

Que achei e deixei largado.

Eu fiquei sem entender,

O que nele era sagrado.

A juriti batia com o bico

Várias vezes no pote,

E eu fiquei pensando:

_ Será que é azar ou sorte?

O que será que tem dentro,

Trará vida, ou morte?

Na dúvida e no medo,

Decidi não ir mexer.

Vai que isso é coisa ruim,

Eu prefiro é não saber.

A juriti que encontre outro,

Não vou me intrometer.

Sai seguindo meu caminho

Sem rumo e sem direção.

A juriti ficou pra trás.

Mas eu nem liguei, mas não,

Caminhei foi duas horas,

E cansado deitei no chão.

Mas quando eu dei fé,

Escutei foi um cantar

Eu disse: eu num acredito,

Ô juriti pra perturbar,

Eu num já disse a você

Que eu não vou te ajudar!

Mas quando eu olhei

Eu avistei foi um senhor,

De calça curta e chinela:

Que me disse:- por favor,

Quero uma informação,

Sobre um pote do amor.

Eu disse: - um pote do amor?

Eu nunca ouvi falar,

Me desculpe, meu amigo.

Pois não posso te ajudar.

Infelizmente esse pote

Tu nunca vai encontrar.

O senhor olhou e disse:

Eu ando procurando,

Há muitos anos esse pote

E só vivo perguntando

Pois nele se encontra

O amor que está faltando.

Eu disse: - Que amor é esse,

Dá pra contar direito?

Ele disse: - Pois não,

Eu vou dizer com jeito,

Porque sem o pote do amor,

Não concerta o defeito.

Tudo isso teve inicio

No momento da criação

Quando o pai pediu ao filho

Para cumprir uma missão

Ir à casa dos sentimentos

Buscar amor pro coração.

O filho pegou o pote,

Mas no caminho perdeu

O amor que era pra botar,

Adivinha o que aconteceu?

Ele pegou o outro pote

E colocou no irmão seu.

O outro pote era igual,

Tudo do mesmo jeito

Apenas uma diferença

No ponto do defeito

No lugar de amor foi ódio

No peito do sujeito.

Depois desse dia

O seu destino é procurar

Aquele pote perdido,

Para então consertar

A besteira que ele fez

Pro humano voltar amar.

-E como o é que você sabe,

Dessa história meu amigo?

Ele disse: - vou te dizer agora.

Eu encontrei o “individo”,

Que perdeu e hoje procura

Aquele pote perdido.

Desde que eu soube

Eu comecei a procurar.

Andando de bicicleta

Vou andar ate encontrar,

Não descanso um segundo

Ate esse pote eu achar.

Me desculpe meu amigo

Mas agora tenho que ir,

Pois tem um pote de amor

Que “tá” perdido por ai,

E não posso perder tempo

Proseando com você aqui.

Eu disse: Meu senhor

E se acaso eu encontrar

O que é que eu faço com ela,

Você pode me contar.

Ele disse: simplesmente

É só no humano colocar.

Meu amigo deixe-me ir

Tenho que cumprir o papel

Achar a dose de amor

Pra isso vou ate no céu,

Mas nesse meu caminho

Vou recitando cordel.

Eu disse:- Me desculpe

Esta te aborrecendo,

Mas vou te perguntar

O que você tá fazendo,

Com esse lápis e papel

Ele disse: - Escrevendo.

Pois eu sou um poeta

E minha vida é versejar

É escrever linha por linha

E minha mensagem deixar

A dose de amor foi uma

Que me ajuda a procurar.

Depois disso ele saiu

Seguindo sua direção

Em cima da bicicleta

Pedalando sobre o chão

Rachado, seco e quente.

Do jeitinho que é o sertão.

Detrás da bicicleta tinha

Um bornal enfeitado,

Ele era feito de couro,

Todo xilogravado.

O nome Antônio Francisco

De longe era avistado.

Eu disse: Eu num acredito

Que eu vi o grande autor,

De veredas de sombras,

Livro que me fascinou.

E dez cordéis num só

Daquela dose de amor.

Foi quando eu parei

E comecei a prestar atenção

Que aquele pote largado

Que quase peguei nas mãos

Era aquela dose de amor

Que no livro dizia o ancião.

Agora eu aprendi

O que é ter a felicidade

Na frente dos meus olhos

E por infantilidade

Deixa-la escapar

Por uma mera vaidade.

Por isso eu digo a você

Cuidado! Preste atenção!

Às vezes a felicidade

Pode tá em nossas mãos

É só você abrir os olhos

E também seu coração.

E com essa mensagem

De alegria e satisfação,

Uma lição de vida

Eu deixo aos meus irmãos.

Olhe pra felicidade

E não deixe que ela escape

Agarre-a com seu coração.

LEIDSON MACEDO FELIX

Capitão Jack
Enviado por Capitão Jack em 13/08/2014
Código do texto: T4920445
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