REFLEXO DE UM SERTANEJO
Os cantos dos pássaros na memória
Cantando nos galhos da jurema
Pai e a enxada marcando o dilema.
Na vida os calos da trajetória
No chão marcado a sua história
No horizonte a esperança acesa
E no seu caminho de incerteza
A sua angústia se pega a devoção
E de joelhos rezando sobre o chão
Pede ao Deus apenas uma certeza.
Certeza de um amanhã abençoado
Certeza de uma luz no fim da estrada
A esperança refletida na chuviscada
As gostas caindo e molhando o roçado
Logo se ver o sorriso estampado
Onde antes a tristeza era a compania
E em seus olhos eram só o que refletia
No espelho da sua vida dolorosa
Entre os espinhos do cacto, uma rosa.
Fazendo-se ressurgir um novo dia.
Assim como um novo dia amanhece
Assim como a certeza da morte
Na vida não se vive na sorte
Não é acaso que as coisas “acontece”
Tem muita gente que nem “merece”.
Ser maltratado aqui nesse sertão.
A injustiça nem sequer abre a mão
De sumir ao menos por um instante
Nessa vida o sofrimento é constante
Se não souber dançar essa canção.
A canção que retrata essa vida
A melodia nos arranjos das ações
O maestro regendo os corações
A mortalha cantando uma partida
Nos galhos uma rede estendida
Ao seu lado uma plateia a chorar
A tristeza que veio se abrigar
Nos palcos da vida faz morada
Uma tristeza que não é desejada
Mas que é persistente em ficar.
A poesia vista num cacto de espinho
No cheiro do orvalho da madrugada
Nos rebocos da parede estampada
Na lenha que eu peguei no caminho
Na panela de barro que cozinho
Em tudo isso se faz presente
Ate nas conversas de batente
A poesia se encontra estampado
Nada pra um poeta é descartado
Pois verseja o que o coração sente.
Nessa época não se vale a verdade
A mentira é o que mais prevalece
Enquanto muita gente faz prece
Outros estão fazendo maldade
Muitos pensando só na vaidade
Esquecem de terem gratidão
Não buscam paz para o coração
Querem ter uma vida de riquezas
Mas não sabem o que é a gentileza
De ajudar a um amigo, ou um irmão.
Nos meus versos eu tento passar
A mensagem que Deus me ensinou
Vou lutando com muito fervor
Nesse meu caminho a repassar
Esse valor que tem o verbo amar
Que muitos não sentem no peito
São pessoas, seres imperfeitos.
Que ainda tem muito que aprender
E ate que isso venha acontecer
Eu vou passando do meu jeito.
LEIDSON MACEDO FELIX