Eu sou apenas uma lágrima, no mar do choro do povo

Eu sou apenas uma lágrima, no mar do choro do povo

(Um mini Cordel para lembrar de Suassuna)

Eu vivo pensando a vida

que tenho para viver,

e penso que toda vida

não finda quando eu morrer,

pois sei que meu pensamento

não é poeira ao vento

pra nada em troca valer.

Eu penso o peso da Pena

e creio ser necessário

inventar nova medida

pra eu tecer comentário

que ajuste sua valia

conforme a maestria

descrita no dicionário.

Eu sou do Reino qual pedra

que um poeta escreveu.

Esse poeta era grande,

pena que faleceu!

Mas vou seguir meu caminho,

pois sei, não estou sozinho,

foi Cristo que prometeu.

No caminho que percorro

avisto sonho, ilusão.

Também contemplo paisagens

que ao Éden faz alusão,

e essas paisagens bonitas,

se queres, tu me acreditas,

são tudo lá do Sertão.

Eu sou apenas uma lágrima,

no mar do choro do povo.

Eu sou capim verde cana,

que brota sempre em renovo.

Eu sou a folha da urtiga,

e digo sem fazer figa,

só findo se um dia morro!

Santana, Silvio S. – Vidal (31/07/2014)