O VENDEDOR DE MACONHA

O VENDEDOR DE MACONHA

OBS. Os erros de português foram escritos propositalmente.

Sô naturá do sertão

De uma cidade pacata

Longe da poluição

Lugá cercado de mata

Onde só se conhecia

Roça, prantação e cria

E gente que muito sonha

E naquele meu lugar

Nunca se ouviu falar

Em prantador de maconha

Até que uns colega meu

Que mudaro pra cidade

Um pro nome Zé Romeu

E o fio de Soledade

Chegaro tudo estranho

Com os cabelo destamanho

E a cara de sem vergonha

Tudo alegre e os pinote

Mostrando dento dum pacote

Um punhadim de maconha

E eu nem sabia o que era

Nem tinha ouvido falar

Daquela grande misera

Fui convidado a provar

Eu fui na suas conversa

Mas ligeiro que depressa

Quisero me convencer

Mas depressa que ligero

Me oferecero dinheiro

Se eu quisesse vender

E me dixero: oia zé,

Isso aqui é bom demais

E se tu inda quiser

A gente consegue mais

Isso vende que só cocada

Em festa de batucada

Que tem minino chorão

Tu vai arrumar dinheiro

Vai ser o maior fazendeiro

Daqui dessa região

Ai eu fiquei izibido

Quando falou em inricar

Mas que era proibido

Ninguém chegou a falar

Eu num sabia dotô

Que aqueles impostô

Tava me dando peçonha

E eu metido a esperto

E achando que era certo

Pensei a vender maconha

Eles guardaro o pacote

E eu nem cheguei a provar

Saíro dano pinote

E eu fiquei a pensar

Vou vender esse negoço

Mermo assim sem ter um sócio

Vou fazer comerciá

E sendo eu o primeiro

Antes do mês de janeiro

Acho que vou inricar

O fio de soledade

Que era o mais mandingueiro

E cheio de muita mardade

Foi me precurar primeiro

E dixe com farsidade:

Devido a nossa amizade

E por tu ser boa gente

Tô pensando em negociar

E quero te convidar

Pra você sê meu gerente

Nós vamo vender baguio

Que é pro povo fumá

Isso vai te dá orgoio

Pode em me mim confiar

Agora guarde segredo

Não é por que tô com medo

Nem querendo te enganar

Eu vou deixar estes lote

Guarde aí esse pacote

Que depois eu “vem” buscar

Faça logo comerciá

Ofereça a muita gente

Quando alguém te preguntar

Diga assim: Eu sô gerente

Pra não haver concorrênça

Vô dexar tu na gerença

Não diga que eu tô no meio

Afiná tô com outros negocio

Vou fazer de tu meu sócio

Pois de trabaio já tô cheio

Oia zé, faça uma premessa

Que tu vai guardar segredo

Num diga que eu tô nessa

Oi, num é porque tô com medo

Afiná, eu sô é home

Eu quero que tu pegue nome

Na vizinhança ligero

Pois quero lhe ajudar

Quero ver você ganhar

Um bucado de dinheiro

Agora tenha cuidado

Tem muita gente invejosa

Esse povo malcriado

Que fica dizendo prosa

E é fácil conhecer

Alguém que quer concorrer

Vendendo isso também

Se aparecer concorrente

Eles vão ficar doente!

Não conte isso pra ninguém

Farta só uns decumento

Pra regularizar a venda

Digo a você e sustento

Acredito que me entenda

Logo logo vão chegar

Uns home pra acertar

Os papé que tá fartano

Afiná num tá errado

E se fizer com cuidado

Vai dar certinho nosso prano

Porém o que eu não sabia

Era que o desgraçado

Pro causo de estripulia

Tava sendo precurado

E mermo pro causa disso

Tava um grande ribuliço

Os sordado precurando

Pruque ficaro sabendo

Que alguém tava vendendo

Maconha e negociando

E muito não demorou

Depois que o infeliz saiu

Uns policiá chegou

Oiô pra mim e sirriu

Não tamo desconfiando

Tamo só analisando

Pra ver a situação

Pois já fiquemo sabendo

Que alguém está vendendo

Bagui nessa região

Eu dixe: Misericórda

E vocês já tão sabendo

Será que vocês concorda

Com o que eu tô vendendo?

Eu acho que vocês qué

Mas tá fartando os papé

Pois inda farta comprar

Mas aqui tem um pouquinho

Vou embruiá um tiquinho

Prumode vocês fumá

Oi, num precisa pagá

É presente pra você

Pois é preciso agradar

Os criente que aparecer

E oi! Eu já tô contente

Pois sendo o eu o gerente

Desse negocio que é novo

Preciso sê bem legá

Que é pro mode agradar

E fazer feliz o povo

É você que tá vendendo?

O sodado preguntô:

Que que você tá querendo?

Quem você pensa que sô?

Vem me oferecer maconha

Seu cabra vei sem vergonha

Pense bem, tenha cuidado

Pois se isso for verdade

Vou botar você na grade

Pra falar com o delegado

Eu dixe: Que delegado?

O que assina os papé?

Me respondeu o soldado:

Sim, o capitão Manué

Pois eu quero conhecer

E a ele oferecer

A minha mercadoria

Pra o povo ficar sabendo

Que o que eu tô vendendo

É de muita garantia

Fique sabendo o sinhô

Eu dixe para o sordado

Sei que o sinhô já fumô

E não fique envergonhado

Pois minha mercadoria

Tem aqui grande valia

E todo mundo já sabe

Fique o sinhô informado

Que o tenho alí guardado

Dentro da mala não cabe

O senhor está falando

Que tem maconha guardada?

Está assim nos contando

Com sua cara safada?

- Sim sinhô eu respondi

Foi aí que recebi

Um murro tão desgraçado

Que confesso meu irmão

Que pensei que um caminhão

Tinha me atropelado

Caí com a cara no chão

Senti alguém me puxar

E me dá um sucavão

Ai ví coisa ingrossar

Com grito de ameaça

Pegou no fundo das calça

E antes de eu perceber

Me jogou no camburão

Fechou a porta com a mão

E dixe: Aí dá pra você!

Eu gritei ô meu patrão

O sinhô tá inganado

Não me faça confusão

Nem me leve ao delegado

Pois eu pensei que o sinhô

Vinha fazer um favor

Pra tudo fica certinho

Pra regular os negoço

Trazer os papé de sócio

E sê tudo direitinho

Mas tô vendo meu patrão

Que me enganei outra vez

Bonzin vocês num são não

E já sei quem são vocês

Vocês são das concorrença

E toda essa violença

É pra tomar meu lugar

Mas vou lhe dizer de jeito

Vou precurar meus direito

Vamos ver quem vai ganhar

Há meu patrão foi terrive

Me levaro pro xadrez

Me dero uma pisa horríve

Apanhei por vinte e três

Passei uns seis mês trancado

De maconheiro acusado

Sem ter ninguém do meu lado

E os fio de soledade

Vortaro para a cidade

Nunca mais foro encontrado

A partir daquele dia

Nunca mais eu quis saber

Daquela grande agonia

Nunca mais vou esquecer

Hoje quando alguém critica

Ainda escuto a tabica

Zuando no pé do ouvido

Se cem anos eu viver

Nunca mais vou esquecer

Desse causo acontecido

Hoje pra aceitar ajuda

E para querer um favor

Não permito que me iluda

Seja qualquer um que for

Sou um rapaz informado

Não vou mais ser enganado

Nessa causa eu não esbarro

Agora tô mais esperto

Hoje eu não passo nem perto

De uma bituca cigarro.

JOSE AMAURI CLEMENTE
Enviado por JOSE AMAURI CLEMENTE em 27/07/2014
Código do texto: T4898592
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