O pecador

Como pode Deus querido

num mundo tão grande assim,

Num mundo tão grande e tão rico

Não ter morada para mim?

Ando fraco e perdido sem saber para onde ir,

com a fome a me devorar

com a sede a me consumir

com as noites a me assombrar!

Como pode Deus querido o homem sofrer assim?

Sem ter família ou amigo para dar a mão a mim,

entre milhões de seres na terra viver

e tão sozinho morrer!

Foi o pecado de Adão?

Foi minha indecisão?

Foi meu desatino?

Me diga, ó Deus, não sou mais um menino!

Dos sonhos que tive acordado,

Dos desejos que sonhei amando,

Qual foi meu erro Deus amado?

Se não tenho culpa do pecado!

Cantei entre soluços,

caí nas ruas de bruços,

ralei-me em desesperanças,

mas deposito em ti minhas esperanças!

Meu pecado insano,

frustrado o plano

que em silêncio havia planejado,

planejado em desengano!

Ah, se eu pudesse voltar

para o ponto onde parei

faria do mesmo jeito

do jeito que comecei!

Sairia gritando ao mundo

palavras soltas ao vento,

choraria dolorido lamento!

Agarraria teu amor em pensamento!

Deitaria na grama, na lama

onde pudesse te amar

e não mais te deixar

eternamente a pecar!

Roubaria teus beijos,

te apertaria em braços,

te enviaria flores com laços,

recados torpes de desejos1

Atravessaria o oceano,

flutuaria nas nuvens,

desceria pelo cano,

guardaria minhas virtudes!

Insolente pecador

que me devaneia a cabeça.

Me feriu a inocência

me consumiu de intenso amor!

QUINTELA
Enviado por QUINTELA em 15/07/2014
Reeditado em 21/07/2014
Código do texto: T4882916
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