O pecador
Como pode Deus querido
num mundo tão grande assim,
Num mundo tão grande e tão rico
Não ter morada para mim?
Ando fraco e perdido sem saber para onde ir,
com a fome a me devorar
com a sede a me consumir
com as noites a me assombrar!
Como pode Deus querido o homem sofrer assim?
Sem ter família ou amigo para dar a mão a mim,
entre milhões de seres na terra viver
e tão sozinho morrer!
Foi o pecado de Adão?
Foi minha indecisão?
Foi meu desatino?
Me diga, ó Deus, não sou mais um menino!
Dos sonhos que tive acordado,
Dos desejos que sonhei amando,
Qual foi meu erro Deus amado?
Se não tenho culpa do pecado!
Cantei entre soluços,
caí nas ruas de bruços,
ralei-me em desesperanças,
mas deposito em ti minhas esperanças!
Meu pecado insano,
frustrado o plano
que em silêncio havia planejado,
planejado em desengano!
Ah, se eu pudesse voltar
para o ponto onde parei
faria do mesmo jeito
do jeito que comecei!
Sairia gritando ao mundo
palavras soltas ao vento,
choraria dolorido lamento!
Agarraria teu amor em pensamento!
Deitaria na grama, na lama
onde pudesse te amar
e não mais te deixar
eternamente a pecar!
Roubaria teus beijos,
te apertaria em braços,
te enviaria flores com laços,
recados torpes de desejos1
Atravessaria o oceano,
flutuaria nas nuvens,
desceria pelo cano,
guardaria minhas virtudes!
Insolente pecador
que me devaneia a cabeça.
Me feriu a inocência
me consumiu de intenso amor!