CONTRASTES ENTRE RICOS E POBRES.
Quero contar a vocês,
Todo contraste que tem,
Entre as coisas dos ricos,
E as dos pobres também,
Parece até providencia,
Pra que essas diferenças,
Que não atende ninguém.
Rico correndo é pressa,
Gritam todos pelas ruas,
Diz o povo quando ver,
Já de longe se insinua,
O que foi que sucedeu,
E como isso aconteceu,
Mas a culpa não é sua,
Pobre correndo é ladrão,
Pois todos ficam de olho,
Principalmente estando,
Sem sua barba de molho,
Só basta passar correndo,
Que muitos estão dizendo,
Fez algo errado pimpolho.
Rico reclamou é estresse,
Tá encarando problemas,
Não enxerga que o pobre,
Tem o seu mesmo dilema,
Porém ninguém ver assim,
Rico é bom pobre é ruim,
No mundo esse é o lema.
Com o pobre é diferente,
Quando reclama é chorão,
Para esse nadinha presta,
Comenta-se o tubarão,
Assim mesmo no andar,
Procura-se um jeito dar,
Pra completar o refrão.
Barco dos ricos é iate,
Transatlântico luxuoso,
Navegando em alto mar,
Iluminado e lustroso,
Corta em alto mar aberto,
Sem ter o pobre por perto,
Tudo fica mais gostoso.
Para o pobre é diferente,
Barco de luxo é canoa,
Tocada a par de remos,
A onde o coitado soa,
Pois é assim nessa vida,
Pesos de duas medidas,
Mas tá tudo numa boa.
Rico arruma namorada,
O povo chama de amante,
Só anda em hora marcada,
Muito granfina e elegante,
Entra com ela onde quer,
Como respeitosa mulher,
Em clubes e restaurantes.
Já namorada de pobre,
Todos chamam de biscate,
Pois todo mundo fomenta,
E nem há quem lhe acate.
Falam tanto da coitada,
Que a tal termina pirada,
Ou então morre de enfarte.
O rico que bebe é ébrio,
Pra muitos na sociedade,
Sempre faz socialmente,
Sem nenhuma vaidade,
Mesmo sendo um viciado,
Ninguém fala ser errado,
Isso é uma pura verdade.
Já para o pobre que bebe,
O seu nome é pé inchado,
Muitos chamam pé de cana,
Ou cachaceiro e descarado,
Nem sua família aguenta,
Por viver essas tormentas,
Morre só e abandonado.
Rico malandro é sabido,
Todos o chamam esperto,
Só por obter vantagens,
Dos de longe e de perto,
Não se ver suas mutretas,
Mas dá nó feito o capeta,
Tendo de todos o afeto.
Já o pobre meu amigo,
Sendo malandro é safado,
Não se aceita explicação,
Por todos ele é difamado,
Deu-se bem na transação,
Taxam de cabra enrolão,
É um fato comprovado.
Casa de rico é mansão,
No centro e rua asfaltada,
Com jardins e passarelas,
Toda de blocos calçada,
Pra nas horas de lazer,
Todos vê-los só pra ter,
Sua moral redobrada.
Porém a casa do pobre,
É uma humilde palhoça,
Toda cheia de remendo,
Feita de madeira grossa,
Ali quando está chovendo,
Corre pros filhos dizendo,
Só goteiras minha nossa.
Sitio de rico é fazenda,
Toda bem arrumadinha,
Com boa estrada na porta,
Bem no começo da linha,
Não sentem necessidade,
Por que ali na verdade,
Tem vida de rei e rainha.
Porém o sitio de pobre,
Todos o chamam de roça,
Onde se põe a arrazoar,
Que vida triste é a nossa,
O pasto é apenas quiçaça,
E sua vida é sem graça,
Vive puxando a carroça.
Até os cachorros do rico,
Tem seu nome diferente,
Levado pro pet shopping,
Com tratamento de gente,
Corta unha e escova o pelo,
Como se fossem modelos,
Pra ver os donos contentes.
Já os cachorros do pobre,
Não passa de um vira lata,
Tratado apenas com bofe,
Ou canjiquinha sem nata,
Mas se não quiser comer,
Vai ter seu couro a arder,
Cortado na pura chibata.
Um rico faz aniversário,
Enchem ele de presentes,
Bebidas todas granfinas,
Só pra servir a tal gente,
Na festa até os petiscos,
Serão de caros mariscos,
Pra requinte do ambiente.
O aniversário de pobre,
É uma tremenda agonia,
Até sem ser convidado,
Chega gente a reveria,
Se os petiscos for pouco,
Coitados passam sufoco,
Pra conter tanta euforia.
O que acho interessante,
Os presentes que lhe dão,
Trazem-nos ensacolados,
Dependurado nas mãos,
Baixo valor se comprove,
De um e noventa e nove,
Quando está de promoção.
Quando o rico não paga,
Falam foi esquecimento,
E ninguém o incomoda,
Que seja em pensamento,
Por isso dorme tranquilo,
Ninguém lhe é empecilho,
Não sofre aborrecimento.
Mas se o pobre não paga,
Gritam alto é caloteiro,
Não paga se não quiser,
O pobre é bicho treiteiro,
Até a própria vizinhança,
Nele não tem confiança,
Chamado de muambeiro.
Carro de rico é Railux,
Toda automática e macia,
Vidro fumê quatro portas,
Só pra ninguém dá azia,
Tem até vidro blindado,
Banco de couro lustrado,
Pra conforto da família.,
Já o coitado do pobre,
Quando invente comprar,
É um carro fora de linha,
E que ninguém quer usar,
Miséria é mesmo sua sina,
O bicho não sai da oficina,
Para a tormenta aumentar.
Cavalo de rico é de raça,
Manga-larga e machador,
Tratado só na pura ração,
Junto a um climatizador,
Toma dois banhos por dia,
E tem tantas mordomias,
Que o pobre nem sonhou.
Mas o cavalo do pobre,
É um tal de estraga raça,
Vive no pasto alongado,
Escondido nas quiçaças,
Magricelo e mal tratado,
Pelo grosso e arrepiado,
Coiceiro feito a desgraça.
Rico vai ao consultório,
O médico está esperando,
Não toma chá de espera,
Pois vão logo o chamando,
Embora possa caminhar,
Mas alguém vai lhe buscar,
Só pra ele não ir andando.
Mas o pobre não é assim,
Quando adoece há coitado,
Levanta de madrugada,
Vai a pé mesmo aleijado,
Às oito horas faz sua ficha,
Mas se não tiver malicia,
Retorna em pior estado.
Aqui podemos enxergar,
Com mera comparação,
O impactante contraste,
Entre os dois cidadãos,
Um goza todo o direito,
O outro todo o defeito,
Embora queiram ou não.
E o que é mais incrível,
Que apesar de diferentes,
Nenhum dos dois vive só,
Sem o outro infelizmente,
O rico pra ser seu patrão,
E o pobre ser seu peão,
Vivem do bem aparente.
Cosme B Araujo.
05/05/2014.