CONVERSA DE FEIRA
CONVERSA DE FEIRA
A conversa é animada
Feira livre é tradição
É um dia diferente
Não tem nem comparação
Nela de tudo se acha
De espanador a cachaça
Chapéu de palha ou gibão
Zuada pra todo lado
Na hora de pechinchar
Vai chegando Mariquinha
Que veio se embelezar
Pede retalho de chita
Ou a seda mais bonita
E só tem dez pra pagar
No loré de D. Creuza
Chegou blusa de listrinha
Uma pega, outra pega
A Dasdores disse - é minha
Pegou três e segurou
Afastou-se e embrulhou
Enganou toda rodinha
Dois vaqueiros se encontraram
E foi aquela alegria
Começaram ali mesmo
Uma bela cantoria
Um aboio prolongado
Contando a lida com o gado
Quem estava perto aplaudia
O anúncio mais na frente
É sobre artigo importado
Trazido do Paraguai
Tudo perfeito e testado
Tem aifone, aipede, aipode
Se quebrar o cara acode
E dá de brinde um teclado
Já o microfone rouco
Fala alto da pomada
Que cura toda mazela
Frieira ou barriga inchada
Tem óleo pra todo mau
Fígado de bacalhau
Toda dor fica sarada
No setor de utilidades
A propaganda é assim
Tem esteira e abanador
Jarro de barro e xaxim
Balaio de gato e rede
Tem cabide de parede
Defumador de alecrim
Jaca dura, jaca mole
Vai gritando Seu Mané
Siriguela, sapoti
Caju maduro no pé
Manga bem amarelinha
Jabuticaba docinha
E coco do catolé
No bar do sarapatel
O tempero da Tereza
É testado e aprovado
Todos dizem que é beleza
Tem farofa, tem buchada
Torresminho e rabada
Tudo feito com fineza
Uma corda de cordel
Mostra que ali tem poesia
E até verso improvisado
História que dura o dia
Folheto de Lampião
De Seu Lunga e Gonzagão
Só cultura e fantasia
Tem mais assunto na feira
Um proseado sem fim
Nem dá tempo contar tudo
Tem hora que é um fuim
Mas vou ficar matutando
Assuntando e anotando
Depois eu conto tudim
Fátima Almeida