DOZE MANDAMENTOS DO PINGUÇO.
Cheguei de novo amigos,
Pra mostrar o meu talento,
Nesse cordel de humor,
Do homem e seus inventos,
Recriado mesmo apulso,
Nessa vida até pinguço,
Tá das culturas por dentro.
Assim sendo a má doutrina,
O pinguço a tem decorada,
Sabe cada ponto e vírgula,
Não deixando faltar nada,
Diga-se nos velhos tempos,
Os seus doze mandamentos,
Na profissão desgraçada.
Dessa forma todo pinguço,
Conhece cada um de cor,
Grava eles bem na cachola,
Desde o menor ao maior,
Pois quando deles precisa,
De forma bem incisiva,
Mostra um repertorio só.
O primeiro mandamento,
É encontrar logo um boteco,
Aprender bem o caminho,
Mostrando ser bem esperto,
Não importar com distancia,
Beber até crescer a pança,
Quer seja longe ou de perto.
O segundo mandamento,
É uma grande dose pedir,
Sem se importar com azar,
E nem com quem está ali,
Entrar e ver as prateleiras,
Com cachaça de primeira,
De lá não quer mais sair.
O terceiro mandamento,
Do pinguço de carteirinha,
É medir qual a quantidade,
Posta a ele da branquinha,
Pois seu costume primeiro,
É da pinga sentir o cheiro,
Pra depois tomar todinha.
Já o quarto mandamento,
É mostrar uma cara feia,
E dá um rapa na goela,
Enquanto a bicha passeia,
Descendo de goela abaixo,
Rosna e diz que é macho,
Até a cabeça está cheia.
E o quinto mandamento,
Dá logo uma cusparada,
Sem importar com o lugar,
Que ele tome a talagada,
Começa a contar proezas,
Mostrando as espertezas,
Com uma cara deslavada.
Já o sexto mandamento,
É o sujeito pinguço cair,
Ficando no chão estirado,
Mas ai de quem nele bulir,
Se você ainda não acredita,
Beba bastante a maledita,
Sem deixa-la lhe engolir.
O sétimo mandamento,
É o sujeito despertar,
Observando a besteira,
Que fez ao se embriagar,
Mas o pinguço não foge,
Pede ali mais uma dose,
Pra tal ressaca curar.
O seu oitavo mandamento,
Resulta em se levantar,
Mesmo estando todo sujo,
Inda assim não vai parar,
Passa a olhar desconfiado,
E o faz pra todos os lados,
No intuito de se disfarçar.
E o nono mandamento,
Voltar pra casa fedendo,
Com uma cara lambida,
E a carteirinha batendo,
Tendo que ouvir sermão,
De todos sem apelação,
E fingir não está vendo.
O décimo mandamento,
É arriscar se desculpar,
Por a culpa na malvada,
Que não queria tomar,
Já tem um discurso nato,
E os outros paga o pato,
Pra da culpa se livrar.
Chega o décimo primeiro,
O cabra todo encolhido,
Dana-se a fazer promessas,
Ao dizer-se arrependido,
Finge que tá tudo em paz,
Promete não beber mais,
Faz pose de bom marido.
Já o último mandamento,
É ter mais uma recaída,
Arruma qualquer desculpa,
Pra voltar pra velha vida,
De viver pelos botecos,
E na branca dar um teco,
Nesse beco sem saída.
Pois é assim que o pinguço,
Vai cumprindo a triste sina,
De vagar pelos botecos,
Que achar em cada esquina,
Estando ou não com grana,
Na verdade é um pé de cana,
Até que a mesma se finda.
O pinguço que se presa,
Nunca perde a majestade,
Tem na pontinha da língua,
Explicações de verdade,
Pra ele estando bebendo,
Diz que feliz está vivendo,
Sem nenhuma vaidade.
Sabe-se que pro pinguço,
Beber virou profissão,
O negócio é está mamado,
Mesmo deitado no chão,
Qualidades desse sujeito,
Poder sempre dar um jeito,
De não falhar na missão.
Essa é a grande rotina,
Do pinguço nessa vida,
Beber é o que interessa,
Sem tabela ou medida,
Quem herda a profissão,
Tem titulo de beberão,
Da branquinha preferida.
Cosme B Araujo.
24/03/2014.