Lua cheia
Edir Pina de Barros
 
É noite de lua cheia,
Canta triste um urutau,
Longe pia bacurau,
Chora o rio que coleia
Rolando por sobre a areia,
Buscando as águas brejeiras
Das planícies pantaneiras,
Onde jaburus formosos
Tão altivos, majestosos,
Ostentam rubras coleiras.
 
A lua cheia, encantada
Com seus raios cor de prata
Vai lambendo a verde mata,
Flor de açucena orvalhada,
(Que perfuma a madrugada),
As aguadas, os quintais,
Corixos, lagos, ninhais,
Emprestando a tudo um lume,
No espelho d’água relume
Como não se viu jamais.
 
Nos ninhais o passaredo
Parece que está ausente,
Está calado, silente
No verdejante arvoredo,
Mais silente que o rochedo,
Onde dormem as araras,
Vermelhas, azuis – mais raras –
Depois de um dia de sol
Do mais formoso arrebol,
De luzes douradas claras.
 
Aqui, de longe, te espio
Alembrando de meu bem,
Que está distante também.
O meu rancho está vazio,
Tudo em mim está sombrio
Sem raios de luz, luar
No breu d’alma, a versejar
Tua luz resplandecente,
Saudade do amado ausente,
Que me faz também cantar.

É tanta beleza! Tanta!
Que minh’alma a lira arpeja,
Delira, canta e verseja
tua luz, que a sombra espanta,
E a dor do Ser acalanta...

Oh! Lua! Lua tão bela!
Não me vês cá na janela?
Por que nunca me alumias?
Vivo aqui, nas cercanias,
Nesta casinha singela.


 
13/01/2014 14:08 - Waldy Würdig

Quem te faz também cantar,
sob os aplausos da Lira,
é tudo quanto tu miras
pela Natureza afora;
mesmo porque, muito embora,
todas as rimas traquejas,
eu sinto que tu versejas
com muito esmero e talento,
tocando no sentimento
deste leitor que te adora.

Grata Waldy, pela interação, pelo carinho. 
Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado)
Enviado por Edir Pina de Barros (Flor do Cerrado) em 12/01/2014
Reeditado em 08/02/2017
Código do texto: T4646900
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