Desculpa ai, meu leitor
Estes versos desalinhados
Gritos de angustia e de dor
Da classe dos mal amados.
Estes versos desalinhados
Gritos de angustia e de dor
Da classe dos mal amados.
Sou um aborto fracassado
Que se atreveu a nascer
Um sujeito desenganado
Que se recusa a morrer
Fantasma desnaturado
Que ainda insiste em viver.
Pela vida, injustiçado
Condenado sem dever.
Vivo assim de déu em déu
Sem grana nem documento
O meu teto é o céu
O meu piso é o cimento.
Me aqueço com papel
Me refresco com o vento.
Que se atreveu a nascer
Um sujeito desenganado
Que se recusa a morrer
Fantasma desnaturado
Que ainda insiste em viver.
Pela vida, injustiçado
Condenado sem dever.
Vivo assim de déu em déu
Sem grana nem documento
O meu teto é o céu
O meu piso é o cimento.
Me aqueço com papel
Me refresco com o vento.
Minha vida é cruel
Mas sou tinhoso e aguento.
Dizem que o Criador
Com barro da terra nos fez
Mas o barro endureceu
Quando chegou minha vez
De soprar-me se esqueceu
Mal acabou-me talvez
Com barro da terra nos fez
Mas o barro endureceu
Quando chegou minha vez
De soprar-me se esqueceu
Mal acabou-me talvez
Minha alma embruteceu
Para aguentar o revés.
Para aguentar o revés.
Pão do demo eu comi
Para matar minha fome
Agua suja eu bebi
E a peste me consome
Não importa, já esqueci.
O que é ruim logo some
Não sei quando eu nasci
Já esqueci até meu nome.
Me desculpe por usar
O meu direito de ir e vir
Me desculpe por enxergar
Me desculpe por ouvir
Por comer e defecar
Por velar e por dormir
Me desculpe por respirar
Me desculpe por existir.
Este texto faz parte do Exercício Criativo -
DESCULPA AI
Conheça os outros textos:
http://encantodasletras.50webs.com/desculpaai.htm
DESCULPA AI
Conheça os outros textos:
http://encantodasletras.50webs.com/desculpaai.htm