Desculpa ai, meu leitor
Estes versos desalinhados
Gritos de angustia e de dor
Da classe dos mal amados.
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Sou um aborto fracassado
Que se atreveu a nascer
Um sujeito desenganado
Que se recusa a morrer
Fantasma desnaturado
Que ainda insiste em viver.
Pela vida, injustiçado
Condenado sem dever.

 Vivo assim de déu em déu
 Sem grana nem documento
 O meu teto é o céu
 O meu piso é o cimento.
 Me aqueço com papel
 Me refresco com o vento.
 Minha vida é cruel
 Mas sou tinhoso e aguento.
 
Dizem que o Criador
Com barro da terra nos fez
Mas o barro endureceu
Quando chegou minha vez
De soprar-me se esqueceu
Mal acabou-me talvez
Minha alma embruteceu
Para aguentar o revés.

Pão do demo eu comi
Para matar minha fome
Agua suja eu bebi
E a peste me  consome
Não importa, já esqueci.
O que é ruim logo some
Não sei quando eu nasci
Já esqueci até meu nome.

Me desculpe por usar
O meu direito de ir e vir
Me desculpe por enxergar
Me desculpe por ouvir
Por comer e defecar
Por velar e por dormir
Me desculpe por respirar
Me desculpe por existir.

 
 
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Este texto faz parte do Exercício Criativo -
DESCULPA AI
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Maith
Enviado por Maith em 28/10/2013
Reeditado em 28/10/2013
Código do texto: T4545394
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