SÁTIRA ENGRAÇADA-02.( Sobre a chegada de Lampião no inferno).

Lá do céu foi enxotado,

Mas saiu inconformado,

Já estava encomendado,

Para o reino do chifrudo,

Cabra feio e carrancudo,

Que não é de brincadeira,

Quando parou lampião,

De frente grande portão,

Cobriu tudo de poeira.

Dizia um grande letreiro,

Aqui posto derradeiro,

Nem precisa ter dinheiro,

Pra entra nesse lugar,

Os que o céu não aceitar,

Tem entrada garantida,

Depressa gritou Lampião,

Que lugar feio do cão,

Nunca vi na minha vida.

Assim que o carro parou,

Quem tava dentro pulou,

Nenhum deles esperou,

Ordem pra desembarcar,

Foram logo pra observar,

Aquele lugar esquisito,

Ninguém podia ver nada,

A porta estava fechada,

Ouviam-se apenas gritos.

O motorista do tal carro,

Logo acendeu um cigarro,

Deu um sorriso bizarro,

Que o lugar estremeceu,

Lampião só não correu,

Por ser um cabra arrojado,

Mas sacou de seu punhal,

Dizendo eu quebro o pau,

E arrebento o desgraçado.

Nessa hora Lampião,

Riscou seu punhal no cão,

Dizendo ou abre o portão,

Ou eu ponho ele abaixo,

E quero ver se tem macho,

Pra tentar me impedir,

E gritou pra cabroeira,

Arrebente essa porqueira,

Pois sou eu que mando aqui.

Logo naquele momento,

Uma voz de lá de dentro,

Desse jeito não aguento,

Era um cão a reclamar,

Eu morro de trabalhar,

E dar férias a tanto cão,

Então chamou Ferrabrás,

Vá com Judas e Caifás,

Pra atender no portão.

Saíram Judas e Caifás,

Na frente de Ferrabrás,

Por ordem dos maiorais,

Bravos que só o capeta,

Com uma batina preta,

E uma chibata na mão,

De planos todo traçado,

E dar um couro dobrado,

Em quem fosse valentão.

Então chegaram à frente,

Foram abrindo lentamente,

Viram a multidão de gente,

Que estavam esperando,

Já tinham muitos brigando,

Querendo na frente passar,

Nesse momento Lampião,

Com rifle e punhal na mão,

Mandou tudo se acalmar.

Foi então que o cangaceiro,

Logo intimou os porteiros,

Dizendo cheguei primeiro,

Portanto mereço entrar,

Não posso mais esperar,

Estou aqui mais de hora,

Um dos porteiros ordenou,

Dê-me o cartão do senhor,

E vá adentrando devagar.

Ao entregar no portão,

Cada um o seu cartão,

Com a recomendação,

Gritou alto Ferrabrás,

Dizendo isso é demais,

Só vem bucha de canhão,

Não se avexe pode entrar,

Cada um tem seu lugar,

Naquele grande galpão.

Mas Lampião especou,

E no portão não entrou,

Logo o cão chefe chegou,

Pra saber o que havia,

O porquê das anarquias,

Lá no portão de entrada,

Então explicou as regras,

E disse aqui meu colega,

Bobeou leva pancada.

Assim disse a Lampião,

Que adentrou o portão,

Rosnando igual um leão,

Com seu rifle empunhado,

Aqui não se anda armado,

Gritou lá dentro um caolho,

Vou ensinar esse sujeito,

A nossas leis ter respeito,

E por as barbas de molho.

Lampião de cá respondeu,

Tu não sabes quem sou eu,

Cabra nunca em mim bateu,

Não nasceu quem faça isso,

Sou pior do que um corisco,

Mato mais que a besta fera,

Eu também sei dar pancada,

Se aqui for o fim da picada,

Vou fazer a maior miséria.

Lampião disse ao gorducho,

Eu já furei mitos buchos,

Também já gastei cartuchos,

Com sujeitos intrometidos,

Plantou o punhal no umbigo,

Mas o punhal nem entrou,

Pois esbarrou numa fivela,

Feita de tampa de panela,

E a sua fina ponta enrolou.

Foi um tremendo bafafá,

Que tomou todo o lugar,

Só se ouvia cão gritar,

Na unha dos cangaceiros,

Ficou tudo em desespero,

Com aquela confusão,

Chamaram então Lúcifer,

Pra controlar o Banzé,

Aprontado por lampião.

Veio então uma ventania,

Que todo inferno tremia,

Os que ao lugar pertencia,

Prostrou-se em continência,

Saudando vossa excelência,

Que chegou todo equipado,

Mas quando viu a confusão,

Provocada por lampião,

Ficou mais que indignado.

Pois assim que ali chegou,

Todo inferno se inflamou,

Muitos pra si arrebanhou,

Fez um grande batalhão,

Agora cangaceiros e cão,

Estavam do mesmo lado,

Por todos os desordeiros,

Do cão e dos cangaceiros,

Era o inferno comandado.

Ali no inferno lampião,

Transbordou o caldeirão,

Pôs cangalha em dez cão,

Furou os olhos de trinta,

Bateu em alguns de cinta,

Incendiou quatro galpão,

Pra completar a daneira,

Empossou sua cabroeira,

Com patente de capitão.

Racionou dali a comida,

Pôs pimenta nas bebidas,

Se não aceitasse a medida,

Logo ordenava prender,

Doesse em quem doer,

Pra ninguém dava perdão,

Cortando do inferno a luz,

No meio fincou uma cruz,

Fez só pra afrontar o cão.

Espalhou muitos panfletos,

Por todas as ruas e becos,

Assim um cão esqueleto,

Tinha tudo isso anotado,

Então entregou ao diabo,

Todos aqueles relatórios,

Que Lúcifer quando os leu,

Por demais se enfureceu,

Com todos contraditórios.

Mas Lúcifer como é esperto,

Não quis lampião por perto,

Depressa firmou um decreto,

Para expulsar o cangaceiro,

E toda a capetada ligeiro,

Sem reclamar lhe obedeceu,

Assim amarraram Lampião,

Jogaram pra fora do portão,

Que de lá desapareceu.

Dizem que viram lampião,

Vagueando ai pelo sertão,

Pernambuco e Maranhão,

Montado em uma cabrita,

Mas sem a Maria Bonita,

Que não quis acompanhar,

Mas ele se foi do sertão,

Viajou pro Afeganistão,

Para Bin Laden procurar.

E você que está seguindo,

Que está lendo e sorrindo,

Pensando em ser desatino,

Essas sátiras de Lampião,

Pois sendo verdade ou não,

Vive a perguntar-se e dizer,

Onde deve ser o paradeiro,

Desse afamado cangaceiro,

Vai ler o próximo pra saber.

Cosme B Araújo.

26/09/2013

CBPOESIAS
Enviado por CBPOESIAS em 26/09/2013
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