Non delenda est Carthago

Se debruce nesta história

Das mais ricas que se têm

Da cidade poderosa

Reduzida a nenhum vintém

Conduzida foi sua terra

Mais de cem anos de guerra

Destruída em pilhagem

Cria do Mediterrâneo

Dos fenícios é herdeira

Sabedores do comércio

Que ultrapassa fronteira

Vão além do grande mar

Em navios trafegar

Até a África costeira

Seu nascimento recorre

Ao mito fundador

Dido, filha de Mattan

Da Fenícia, o mentor

Rica, bela e invejada

De Tiro é escurraçada

Por seu irmão traidor

Parte da cidade às pressas

A princesa refugiada

Dido encontra território

Pra uma nova empreitada

Uma próspera cidade

Construída com ombridade

Cartago será formada

A encantadora alteza

Líder de uma sociedade

Recebe com cortesia

Um troiano na cidade

Por Enéas tem paixão

Compensada com explosão

Em louca virilidade

Que tristeza lindo amor

Não satisfazer a Zeus

Ordenado é o troiano

A ter que dizer adeus

Princesa desfalecida

Em anseio tira a vida

Ultrajada por atroz Deus

Seu encanto desbotado

Dido cumpriu a missão

Começou uma história

Até hoje em difusão

A riqueza de Cartago

Dominou o enorme lago

Até sua rendição

Da costa norte africana

Em colônias se espalhou

Com marinha de comércio

Mediterrâneo domou

Da Espanha a Sicília

Nobre é sua família

Que a princesa começou

A Enéas foi traçado

Destino de grande glória

Tem que sair de Cartago

Zeus traçou-lhe outra História

Enviado foi ao Lácio

Lá estava seu palácio

Pra erguer sua vitória

Era outra sua missão

Nova Tróia é erguida

Protegido pelos deuses

Não importa qual ferida

De Lavínia desposado

Seu triunfo ameaçado

Pagar-lhe-ão com a vida

E o troiano conseguiu

Construído é seu legado

Cumprida sua tarefa

Potência de forte brado

Deixou em sua descendência

Pra Cartago a concorrência

De um império indomado

Potência irresistível

Na Itália apareceu

Da lenda de dois irmãos

Grande império nasceu

Pela loba amamentados

Muito foram afortunados

Foi Marte quem protegeu

Rômulo e o gêmeo Remo

Vão erguer uma cidade

Só podendo haver um rei

Começou a hostilidade

Rômulo mata o irmão

Sem nenhuma hesitação

Roma nasce majestade

A História se avança

Mediterrâneo é a disputa

Da paixão de Dido e Enéas

Sobrará rancor e luta

Nesta guerra iminente

Os deuses como serpente

Vão orquestrar com batuta

Três impressionantes guerras

Entre Cartago e Roma

Palco o Mediterrâneo

Na Sicília está o sintoma

Duas potencias expansionistas

Cara a cara, antagonistas

Não faltará hematoma

A História conta o fato

Pela letra que sabemos

Guerras Púnicas seu nome

Da leitura que obtemos

Tanto em mar quanto em terra

Os episódios desta guerra

De paixões incendiemos

Poderosas quinquerremes

Em Mediterrâneo alçadas

Flutuaram sobre o mar

Em grandiosas caçadas

Embarcações imponentes

Em combates inclementes

Colidindo as toneladas

Da primeira destacou-se

Formidável general

Cujo nome, Amilcar Barca

Surgiu providencial

Na Cartago derrotada

Guiará nova estrada

Pra Espanha, triunfal

Na península o regresso

Do poderio fenício

Ali crescerá Aníbal

No vigor do exercício

Com a mão ardendo à chama

Jura a morte em ódio a Roma

Não importa o sacrifício

O deus romano da guerra

Se levantará do trono

Marte agora se preocupa

O fenício tem um patrono

Baal, seu protetor

Dá a Aníbal o destemor

Da outra guerra ser o dono

Tito Lívio conta a história

Da mais grandiosa guerra

O romano historiador

Em palavras treme a Terra

Aníbal terá o destino

Invadir lote latino

Pela Espanha ele cerra

Coube ao jovem general

Sagunto subjugar

Desaprovam os romanos

Mandam Aníbal recuar

- O que quer este maldito?

Iniciar novo conflito?

- Roma, venha guerrear!

Pelos Alpes o caminho

Da guerra que começou

Com manada de elefantes

Territórios dominou

Sob os olhos de Baal

Segue o ousado general

Na Itália ele entrou

Elefante assombrador

Exército soberano

Fura todas as barragens

Do território romano

Os deuses estão agitados

Pelo púnico, assustados

- Aníbal não é humano!

Em Canas, grande lição

Da estratégia magistral

Oito legiões romanas

Caem diante do arsenal

O general inteligente

Em manobra consciente

Aplica um golpe fatal

Às margens do rio Aufidus

Cavalos e infantaria

Cento e trinta mil homens

Duelam na pradaria

A batalha mais sangrenta

Torna a torrente magenta

Custos da carniçaria

Todo trajeto do herói

Trouxe o pior adversário

Seu próprio tendão de Aquiles

No comboio mercenário

Que atende quem melhor paga

Aníbal sente a adaga

De quem o cobre é proprietário

Foi na batalha de Zama

Ante Cipião, o Africano

Aníbal vê sua derrota

Ao exército romano

Que formou em seu quartel

Cada soldado, um fiel

No melhor gajo espartano

À cidade derrotada

Caberá o pagamento

Ao general abatido

Inaceitável aposento

Aníbal está isolado

Por Cartago é entregado

Não usará mais seu talento

Em fuga para o Oriente

Roma quer sua cabeça

O general não tem forças

Pra escapar da sentença

Mas seu juramento é forte

A entregar-se, escolhe a morte

Em Baal tem sua crença

Os romanos não terão

O gosto de seu cativo

Morte aceita por veneno

Meu general é altivo

Mártir agora ele se torna

A História o retorna

Seu engenho está vivo

Da feroz segunda guerra

Cartago irá prosperar

Mas a inveja romana

Quer seu sucesso abortar

A paz não lhe interessa

Cartago cresce depressa

Outra guerra arquitetar

Vem da fala de Catão

Em apelo eloqüente

Contra a cidade de Dido

Um ataque inclemente

- “Delenda est Carthago”

Roma é dona deste lago

E de todo o ocidente

Em manobra ardilosa

Cartago é forçada à guerra

Desta vez não haverá falhas

No senado, Catão berra

- Destrua toda a cidade

Com insana crueldade

Desapareça da Terra

Seu povo será escravo

Sua cultura enterrada

Seu solo será salgado

Pra que não nasça mais nada

Do ocidente, a dona é Roma

Latim o seu idioma

Seu baluarte a espada

Não se entristeça Dido

Tudo agora é História

Que os livros vão contar

Dos tempos de tanta glória

Esse canto em sua homenagem

Obrigado pela viagem

Pelos anais da memória!

FERNANDO NICARAGUA
Enviado por FERNANDO NICARAGUA em 13/06/2013
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