Fardo da pele
Vou te contar uma história
Do mal que o homem faz
Animais capturando
Que por ele não têm paz
Por causa de sua pele
Mortos de jeito voraz
Tem chinchila, tem vison
Tem marta, também coelho
Mortos com bruta paulada
Na cabeça, no joelho
Corpo todo ensanguentado
O chão todo em vermelho
Não foi morto pra comer
Seu corpo foi mutilado
Pendurado respirando
Seu couro é arrancado
Sofrendo na carne viva
Na carroça é jogado
Trinta coelhos prum casaco
Arminhos são mais de cem
Dezessete os texugos
Onze linces também tem
Dezesseis são os coiotes
E a contagem vai além
Sua pele tem valor
Mais valor que sua vida
Quem desdenha do bichinho
Não se importa com a dívida
Paga o que for preciso
Pra ter glória incontida
Desfilando em casacos
Da pele do animal
Ganham dinheiro e fama
Sem tocar a lacrimal
Pobres são estas pessoas
Não custam nem um real
Atitude mais covarde
Desse tal de ser humano
Sem contato de emoção
Com o pobre do bichano
Importante é o dinheiro
Desse ato tão mundano
Quanto custa a vaidade
O pecado capital
Pergunte a você mesmo
Quem então é o animal?
Seu destino é incerto
Só não é celestial
Não se pode esquecer
Que não acabou a luta
Pra essa turma acreditar
Que essa matança é cicuta
Sapiência é preciso
Pra essa gente ficar culta
E entender que um coelho
Tem função na natureza
Pôr neste mundo ruim
Um bom tanto de beleza
Mas vivo tem que ficar
Pra mostrar sua nobreza