Fardo da pele

Vou te contar uma história

Do mal que o homem faz

Animais capturando

Que por ele não têm paz

Por causa de sua pele

Mortos de jeito voraz

Tem chinchila, tem vison

Tem marta, também coelho

Mortos com bruta paulada

Na cabeça, no joelho

Corpo todo ensanguentado

O chão todo em vermelho

Não foi morto pra comer

Seu corpo foi mutilado

Pendurado respirando

Seu couro é arrancado

Sofrendo na carne viva

Na carroça é jogado

Trinta coelhos prum casaco

Arminhos são mais de cem

Dezessete os texugos

Onze linces também tem

Dezesseis são os coiotes

E a contagem vai além

Sua pele tem valor

Mais valor que sua vida

Quem desdenha do bichinho

Não se importa com a dívida

Paga o que for preciso

Pra ter glória incontida

Desfilando em casacos

Da pele do animal

Ganham dinheiro e fama

Sem tocar a lacrimal

Pobres são estas pessoas

Não custam nem um real

Atitude mais covarde

Desse tal de ser humano

Sem contato de emoção

Com o pobre do bichano

Importante é o dinheiro

Desse ato tão mundano

Quanto custa a vaidade

O pecado capital

Pergunte a você mesmo

Quem então é o animal?

Seu destino é incerto

Só não é celestial

Não se pode esquecer

Que não acabou a luta

Pra essa turma acreditar

Que essa matança é cicuta

Sapiência é preciso

Pra essa gente ficar culta

E entender que um coelho

Tem função na natureza

Pôr neste mundo ruim

Um bom tanto de beleza

Mas vivo tem que ficar

Pra mostrar sua nobreza

FERNANDO NICARAGUA
Enviado por FERNANDO NICARAGUA em 05/06/2013
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