MUNDO DA HIPOCRISIA!




MUNDO DA HIPOCRISIA!
Silva Filho


No mundo da hipocrisia
Uma questão se avulta
A nobreza faz suas regras
E os seus excessos, oculta
O pobre, que não tem nome
Vem a ser Filho da Puta.

Em verdade, puta é pobre
É quem não tem cabedal
Quem não tem apartamento
Nem posição social
Carro importado não tem
Tampouco tem capital.


Desde o tempo dos palácios
Desde o tempo do Império
Mulher rica na gandaia
Era sombra ou mistério
Se com os nobres transava
Mais ganhava elastério.

O respeito vem da grana
Jamais do comportamento
Não vai ser por aparências
Nem também por juramento
Que a nobreza fica indene
Ao mais firme julgamento.

Mulher pobre é meretriz
Nome chique – messalina
Puta, biraia ou piranha
Quem tem vida libertina
Sendo pobre – é devassa
Porque lhe falta a cortina.

Cortina que tem suíte
Pra esconder o escarcéu
Onde o prazer dissemina
Coberto por denso véu
E quem não sabe inda jura
Que um anjo caiu do céu.

O rico tem concubina
E o pobre tem sua quenga
Mulher rica é sensual
E a mulher pobre é capenga
Casal rico tem dissenso
Casal pobre, lengalenga.

Mulher rica bebe vinho
E a pobre, somente pinga
Quando diz estar no cio
A rica, pro leito, zinga
Mas a pobre é só tarada
E faz amor com mandinga.

Inda grassa o preconceito
Contra a plebe ignara
A rica reforça o peito,
Bumbum, xibiu e a cara
E a pobre faz um trejeito
Porque só lhe sobra vara.

Eis o mundo de fachada
Deixando o povo perplexo
Gente sempre enganada
À procura de um nexo
A MULHER DISCRIMINADA
É PUTA, SEM VENDER SEXO.