Chico o vingador

A vida é repleta

De momentos de determinação

Tem sempre alguém querendo

Provar sua reação

Por isso peço a vocês

Pra esta historia ter atenção

Chico é o filho casula

De uma família do sertão

Seu pai era roceiro

Assim como seus irmãos

Velho valente e vigoroso

Aos filhos respeito e união

Nossa historia se passa

Após a morte de lampião

Quando seu bando acabou

Houve paz no sertão

Não demorou muito tempo

Pra ter novamente confusão

Manuel pai de Chico

Sua terra cultivava

Era grande a labuta

E Deus sempre escutava

As orações do velho Manuel

E pra ele chuva mandava

Sua roça sempre tinha

Um verde pra se olhar

O milho e o feijão

Estavam sempre a brotar

Que despertou interesse

Nos ricos daquele lugar

Manuel sempre tinha propostas

No seu pequeno pedaço de terra

Mas ele sempre rejeitava

Transformando aquilo numa guerra

Principalmente com seu vizinho

O famoso João Serra

João Serra era do tipo

Comprador insistente

Quando encontrava o Manuel

Fazia propostas indecentes

Oferecia altas quantias

Onde existia uma nascente

Pois água naquele lugar

Era como ouro seu valor

E nas terras do Manuel

Foi onde a nascente brotou

Com se fosse um milagre

Que o grande Deus mandou

O pequeno sitio do Manuel

Ganhou fama no lugar

Sempre vinha gente

Pra dinheiro ofertar

Mas o velho Manuel

Não fazia questão de negociar

Certo dia Manuel

Escavava um poço artesiano

Bem próximo a sua casa

Sua família te ajudando

Achou uma rocha esverdeada

Que levou ao senhor Floriano

Floriano era um velho

Que na chapada foi garimpeiro

Suposto amigo de Manuel

Velho muito fofoqueiro

Percebeu que era esmeralda

E valia algum dinheiro

Assim ele falou com Manuel

O mesmo agradeceu e pariu

Chegando em casa falou

Com sua família e sorriu

Deus nos presenteou

Nossas preces ele ouviu

Mas o velho Floriano

Sem saber o condenou

Quando falou com João Serra

Tudo que Manuel lhe mostrou

João Serra logo deu jeito

O velho Floriano matou

João Serra sabia da fama

Que o velho possuía

Deu logo cabo dele

Ou ele falava pra região todinha.

E articulou seu plano

Antes do raia do dia

Chegou de madrugada

Com todo o seu bando

Derrubou a porta da casa

E foi logo atirando

Manuel levantou depressa

E uma bala saiu o rasgando

José, o seu filho mais velho.

Tentou uma reação

Cortou o braço do capanga

Com seu amolado facão

Mas foi alvejado por traz

Na maior traição

O capanga ferido

Teve a cabeça decepada

Antonio, filho de Manuel.

Com sua foice amolada

Acertou um golpe preciso

Onde a cabeça foi arrancada

Antonio era o segundo filho

Da família de Manuel

Rapagão forte e valente

Era do tipo cruel

Não tinha medo da morte

Vivia em confusão no bordel

Conseguiu Antonio se arma

Com um revolver caído

Deu cabo facilmente

De mais três bandidos

Ate acabarem as munições

E ele cair ferido

O velho Manuel

Mesmo estando baleado

Conseguiu acabar

Com mais dois malcriado

Ate o próprio João Serra

Acabar o seu legado

A velha dona Isabel

Ate tentou esconder

O seu filho Francisco

Mas nada pode fazer

Pois dois capangas

Conseguiu a ela surpreender

Quando ela saia pelos fundos

Teve uma triste surpresa

O capanga a ela acertou

Ela já caiu sem destreza

Chico com muito medo

Agiu por impulso da natureza

Nessa hora o sol já nascia

Chico correu a valer

Sua mãe ali caída

Nada podia fazer

Seu irmão José inda caído

Conseguiu surpreender

O Chico deu a volta

Com o bandido em sua perseguição

José com um revolver

Ajudou o seu irmão

E com um tiro certeiro

De extrema precisão

João Serra logo deu cabo

De todos que sobraram

Matou e esquartejou

Todos que ali ficaram

Mas o pequeno Francisco

Eles não mataram

Francisco conseguiu fugir

João Serra não o alcançou

Ate porque o menino

Pra sua morada retornou

E toda aquela cena

O pequeno Chico presenciou

João Serra mandou

Que a casa fosse incendiada

E os pedaços dos corpos

Fossem também queimada

Pra ninguém ali aparecer

Pois era uma terra amaldiçoada

O pequeno Chico tinha

Visto tudo que aconteceu

Ele já passava dos quinze anos

E pelo mundo se escafedeu

João Serra nunca teve

Onde o moleque se meteu

Chico ganhou o mundo

Virou-se com maestria

Hora no trabalho duro

Entre sufoco e alegrias

Mas o que o marcou

As más companhias

Chico ainda jovem

Passou então se envolver

Com pessoas muito ruins

Fica difícil entender

Pois era a única forma

De ele sobreviver

Chico aprendeu

Rápido como se virar

E com seus vinte anos

Já sabia como liderar

Todo o seu bando

Que ele veio a conquistar

Chico era honesto

Pois teve boa educação

E trazia na sua memória

O momento da execução

De toda sua família

Nas terras do sertão

Então reuniu seu bando

Pra fazer a despedida

Contou toda sua historia

E o quanto sofreu na vida

Mas largaria tudo

Pra cobrar sua divida

Logo começou um fuzuê

Com gritaria e alvoroço

Todos queriam ir também

Ajudar o bom moço

Então Chico como líder

Falou alto e grosso

_Meus amigos escutem bem

Tudo que eu vou lhes dizer

Essa briga é minha

Deixa que vou resolver

E pra encerra a conversa

O novo líder é você

O cabra escolhido

Era chamado de pinote

Apelido concedido

Devido sua grande sorte

Fugiu do certo da volante

E dando uma tapa na morte

Pinote também era

Um cabra já afamado

Já tinha seus trinta anos

Era do tipo arretado

E era do bando

Um dos mais respeitado

Conversaram e se despediram

Chico então partiu

Durante sua viagem

Lembrava-se de tudo que ele viu

Do massacre de sua família

Que ele nem se despediu

O seu ódio aumentava

Ele ficava a imaginar

O que ele teria de fazer

Quando se chega por lá

Então ele começou

O seu plano articular

Quando chegou na propriedade

Do grande fazendeiro

Foi recebido pelo capanga

_Onde pensa que vai estradeiro

Naquele momento Chico

Reconheceu o pistoleiro

Logo lhe veio a vontade

De dar fim ao infeliz

Mas não era o seu plano

Ele não iria agir assim

Então falou ao cabra

_Tem trabalho por aqui

O cabra logo respondeu:

_Não, aqui não tem nada.

E espero que você

Logo daqui parta

Vamos dar logo fim nessa conversa

Pois pra mim já basta

Quando o Cabra se afastava

Chico avistou o João Serra

Chicoteou o seu cavalo

Pra ter força pra chegar a serra

Chegou em missão de paz

Não era momento de guerra

Chico quando chegou perto

Cumprimentou o fazendeiro

Perguntou se havia trabalho

Que ele fazia por pouco dinheiro

João Serra ganancioso

Empregou o estradeiro

João serra não sabia

Quem ele havia contratado

Aquela criança

Que do massacre havia escapado

O próprio João Serra

Sua morte havia assinado

Aquelas bandas cresceram

Virou município a região

E o poderoso João Serra

Disputaria a eleição

Queria ele ser o prefeito

Não importava a questão

Então falou com Chico

_vou precisar de atitude

Tenho uma eleição pra ganhar

Preciso de boa juventude

Pra convencer o eleitor

Espero que você me ajude

Nesse momento chegou

O cabra desesperado

Pedindo desculpas ao patrão

Por Chico a ele ter chegado

João Serra logo falou:

_Ele é novo empregado

Aproveite e leve ele

Mostre onde ele a de ficar

Tenho certeza que o jovem

Vai me ajudar

Então o leve daqui

Pra que ele possa descansar

Pois amanhã logo cedo

Terá ele uma missão

Pra provar sua lealdade

Ao seu bondoso patrão

Vai resolver problemas

A respeito da minha eleição

O cabra logo levou Chico

No caminho deram a conversar

O cabra se desculpou

Pela forma que veio a lhe tratar

Disse que recebia ordens

Pra ninguém por ali passar

Pois aquela estrada levava

A antiga propriedade

Da família do velho Manuel

Mesmo Chico tendo pouca idade.

Lembrava onde brincava

E ficava a vontade

O cabra levou Chico

Onde a casa do seu pai ficava

Chico viu operário

Descendo onde o poço estava

E uma porção de garimpeiros

A mina explorava

Na mente de Chico veio

As lembranças do seu passado

Lembrava-se do seu pai

Todo feliz e animado

Contando pra família

O tesouro encontrado

O cabra então o chamou

_’Homi”, o que esta acontecendo

Tu nem parece estar nesse mundo

Chico com as palavras se perdendo

Disse:_Não meu amigo

Só não sei o que estou vendo

_Não se assuste

O cabra logo falou

Essa é a mina do patrão

De um velho ele comprou

Hoje esta muito mais rico

Com as pedras que daqui tirou

_E o velho por onde anda?

Chico ao cabra perguntou

E com um sorriso maligno

O cabra disse:_Nos deixou

Pra ser sincero te digo

Nosso patrão o matou

Viu-se o ódio no olhar

Chico então explodiu

Pegou logo o cabra

Com um soco o sacudiu

O cabra não teve reação

Tuteou e caiu

Fez-se uma roda

Com todos os garimpeiros

Chico disse:_Levante-se

Seu assassino trapaceiro

Hoje eu dou fim

A esse bando de desordeiro

O cabra caído

Tentou então reagir

Sacou o seu revolver

Chico conseguiu fugir

A bala zuniu no seu ouvido

Acertou quem estava a assistir

Chico então sacou

Um grande e afiado facão

E disse:_te mato

De você não tenho perdão

E juro que não gasto

Nem uma única munição

Vou fazer como vocês fizeram

Há cinco anos, atrás.

Com toda minha família

Seu patrão e seu capataz

Matou e esquartejou

Meus irmãos e meus pais

Você vai ser o primeiro

A provar a minha vingança

Pode começar a rezar

Pois não terá esperança

Hoje você morre

Dando inicio a minha vingança

Pulou sobre o cabra

Que tentou uma reação

Quando apontou seu revolver

Foi decepado a sua mão

E com um golpe no pescoço

Deu-se fim a sua má criação

Quando terminou

O povo estava assustado

O Chico gritando

Seu corpo com sangue melado

Mostrando não estar sozinho

E sim acompanhado

Fez-se uma gritaria

Era homem fugindo pra todo lado

Muitos gritando meu Deus

Acabo de encontrar com o diabo!

Nesse momento João Serra

Já havia recebido o recado

João recebeu a noticia

E um grande grupo preparou

O medo estampado no seu rosto

Com o grupo ele falou

Pra tomarem cuidado

Pois um dos mortos retornou

Chico estava sozinho

Pra enfrentar a multidão

Então ele se preparou

Com rifle revolver e facão

Também preparou armadilhas

M volta do barracão

João Serra chegou

Logo em seguida

Chico já estava

Com suas armas erguidas

A fim de proteger

Sua honra e sua vida

Com certa distância

Chico seu rifle disparou

Foi um tiro de longe

Digno de franco atirador

Acertando bem no peito

O primeiro cabra ele matou

João Serra sem saber

De onde o tiro vinha

Passou a se esconder

E mandar tudo que tinha

Chico deu a atirar

Desviando a tropinha

Os cabras correram

Buscando onde se proteger

Mas foram pra armadilha

Que Chico veio a fazer

Com as latas de gás que estavam

Pros candeeiros acender

Quando se fez o mutuado

Achando estarem protegido

Ouviu-se mais um disparo

Onde todos foram atingidos

E com apenas um tiro

Morreram oito bandidos

A lata explodiu

Queimando os desgraçados

Que gemia de tanta dor

Todos pelo chão desesperados

Foi uma armadilha perfeita

Morreram todos queimados

Outro bando tentou

O Chico surpreender

Deu a volta no cercado

Achando que ia vencer

Quando foi se aproximando

Chico disse:_peguei você

Chico com seu rifle

Deu um tiro de precisão

Que arrebentou uma corda

Que fazia a sustentação

De latas de gás dependuradas

Liberando o liquido da inflamação

Logo outro tiro

Pelo bando foi escutado

As latas explodindo

Todos eles desesperados

As chamas sobre suas cabeças

Outro bando morreu queimado

João Serra nesse momento

Viu-se em desvantagem

Tinha cinco homens apenas

Que faltavam neles coragem

Pra chegar perto de Chico

Pra fazer uma abordagem

João Serra ordenou

Partir em retirada

Percebeu que ali

Iria perder a batalha

Foi ele embora

Para sua morada

Chico viu o momento

Que João Serra fugiu

Pegou o seu cavalo

E imediatamente o seguiu

Chegou primeiro que João

Após cortar caminho

João Serra ordenou

Aos capangas o seguinte:

_Montem guarda aqui

Atirem em qualquer alma vivente

Não quero por em risco

A vida dos meus parentes

O bando se dividiu

Cercando a casa da fazenda

Quando João Serra entrou

Falou com a mulher:_ Compreenda

Vamos sair logo daqui

Temos de deixar a fazenda

Quando terminou de falar

Chico na sala apareceu

Com o filho casula

Que Chico facilmente redeu

Fazendo o jovem refém

João Serra se surpreendeu

Chico logo pediu

Sem chamar a atenção

Que João desse a ordem

Liberando seu peão

Ou seria o seu filho

O próximo a cair no facão

João Serra implorando

Sua mulher desesperada

Perguntou ao marido

Do que se tratava

Chico disse:_ele matou minha família

Por causa das esmeraldas

Mas não sou como ele

Nunca farei o que ele fez

Seu filho é minha garantia

Seu marido é a bola da vez

Libera seus capangas

Só contarei ate três

_Tenha calma

Farei o que esta pedindo

Mas não mate meu filho

Eu já estou indo

E voltarei logo

Que eles tiverem partindo

João Serra saiu

Pra falar com os pistoleiros

Liberou toda corja

De mau feitores arruaceiros

Os cabras se retiraram

Após receberem seu dinheiro

Quando João Serra voltou

Chico havia dado jeito

Na mulher e no filho

Do candidato a prefeito

Que Chico tinha certeza

Que não seria eleito

João Serra demonstrou

Está desesperado

Quando encontrou Chico

Na sala a seu aguardo

Não vendo sua mulher e filho

Ele ficou mais perturbado

Então ele falou:

_seu maldito desgraçado

O que você fez?

Seu assassino desalmado

Cadê minha família

Maluco endiabrado

_João Serra você não é

Digno de viver

E sua mulher e filho

Esperam por você

E o diabo não pode esperar

Para te conhecer

_Calma, calma ai

Podemos então conversar

Tenho muito dinheiro

Podemos negociar

Darei tudo que você

Vier a precisar

_Não sei como você

A inda tem coragem

De querer negociar

Não vim perder viagem

Então se prepare

Pra arrumar sua bagagem

Quando Chico foi pra cima

Foi o jovem surpreendido

João Serra sacou sua arma

Acertou Chico com um tiro

Que caiu no chão

Mostrando-se muito ferido

João Serra achando

Ter acabado sua intriga

Foi conferir seu tiro

Que acertou na barriga

Mas o fim de João Serra

Tinha de ser na mão inimiga

Quando o velho se aproximou

Chico desarmou o desgraçado

Não se sabe onde teve força

Estando ele baleado

Mas logo em seguida

O velho começou a ser esquartejado

Chico desembainhou o seu facão

E começou o esquartejamento

Foram tiradas primeiras as mãos

Em seguidas membros por membros

João Serra foi esquartejado vivo

Chico não teve arrependimento

Quando terminou o serviço

A mulher e o filho ele liberou

Ele queria que João Serra

Pensa-se que ele os matou

E essa culpa João

Para o inferno ele levou

Chico montou o seu cavalo

A cabeça de João ele levou

Na antiga propriedade de seus pais

Numa estaca ele dependurou

Pra mostra a sua família

Que ele se vingou

Então Chico ganhou o mundo

Sem saber pra onde ia

Levando na memória

As lembranças que ele tinha

Pois sabia que aquele lugar

Ele não voltaria.

Leram este conto

Uma historia de arrepiar

Criado com boa imaginação

E peço pra vocês comentar

Nosso Chico vingador

A de retornar...

Fim.