Valores da rua

Vendo banana, picolé, jujuba

Rolete de cana docinha de açúcar

Bagos de jaca, amendoim, cerveja

Limão, cajá, acerola e cereja.

Caldinho de peixe, feijão e marisco

E o meu freguês não sofre nenhum risco

Vendo na praia, centro e coletivos

Em qualquer fila, feira e aglomerado

Andar na areia ao sol, subir nos pisos

Em andar de prédio ou anel de estádio

Se pintar outras oportunidades

Eu pego, mas não faço nada errado

Eu lavo carro no estacionamento

E para-brisas, rápido nos semáforos

No saco plástico levo os documentos

Pra eles saberem que eu não sou safado

Trato os doutores educadamente

Sem me preocupar com seu passado

Tem quem me fale que era estudante

O que eu devia ser nesse instante

Estar sentado num banco de escola

E não ficar tentado em cheirar cola

Mas a barriga não quer esperar

Por isso eu sou forçado a trabalhar

Não vou dizer que eu vejo e não quero

Comer no shopping, ter um carro zero

Andar um pouco melhor arrumado

Curtir a noite quando chega o sábado

Daqui aos uns tempos quando for mais velho

E aparecer um trampo assim mais sério

Bala, chiclete, castanha e pipoca,

Bolinho de goma, tareco e cocada

Melhor voltar para a realidade

Desembestar nas ruas da cidade

Um dia a gente se vê por aí

Se Deus quiser e eu estiver por aqui.