Peia de Improviso
Eu vou falar, vou falar
uma verdade que se espelha:
escuta quem tem orelha,
o bonito sabe amar.
Tu és mesmo um cabra forte?
Venha, então, rimar comigo,
que eu serei o teu castigo,
teu lombinho eu vou torar.
Na peleja és inimigo,
ó gordinho pra chuchu,
feio igual a um brucutu,
tô aqui pra elogiar:
Com a roupa és urubu,
sem a roupa, lagartixa,
teu cabelo é de uma bicha
que eu vi lá no Ceará.
Vou rancar tua barbicha
com a minha cantoria,
pobre de sabedoria,
tô aqui pra infernizar!
Tu pediste uma poesia,
mas a minha sai da venta
mesmo assim tu não me enfrentas,
pois tens medo de apanhar.
Sô preguiça que arrebenta
tua prega, inteligência,
que não passa de demência,
então, para de chorar.
Pode me pedir clemência,
implorando o meu perdão,
que eu só quero o teu botão,
em teu lombo eu vou montar.
Descendente de Sansão,
rimo igual ao Patativa,
minha rima é muito viva,
canto mais que o sabiá.
Não precisas de Activa,
bicho besta eu tô cantando,
tu estás, pois, te borrando
e tu mesmo vais limpar.
Achas que eu serei um brando?
Eu tenho uma discoteca
que é bem mais que a biblioteca
que tu tentas decorar.
Leia toda a biblioteca,
pense uma noite inteirinha
para compor uma linha
e tentar me derrotar.
Que eu não falo na entrelinha:
tu pra mim és um demente,
o cabra que é inteligente
nunca quis, pois, se matar.
O cabra que é inteligente
sabe xavecar mulé,
vai de frente e não de ré,
no viver sabe gozar;
mesmo vivendo em sapé
sabe por que quer viver,
é flexível pra aprender
e não tem medo de errar;
pranteia sem se esconder,
admite o seu pecado,
não precisa de um bocado
de livros para ajudar.
Teoria, ó meu chegado
eu conheço muitas delas
boas pra tuas mazelas,
que não sabes controlar.
Então, não sejas gazela
que o meu canto é para todos,
lute aqui ou tenhas modos
e pare de gaguejar.
Eu vou falar, vou falar
uma verdade que se espelha:
escuta quem tem orelha,
o bonito sabe amar.
16/11/2012 5h09