CORISCO-"O DIABO LOIRO"
Corisco, O Diabo Loiro.
Promessa para mim é coisa séria
Eu costumo ser leal e cumpridor,
A história de Corisco aqui começa
Do que fez ele foi merecedor,
Nascido em Matinha de Água Branca
Nas Alagoas ali mesmo se criou.
A história não nos trás dia nem hora
Pra dizer quando foi que ele nasceu,
Cristino Gomes da Silva Cleto
Tinha nome de doutor mais não valeu,
Por ser ligeiro astuto e corajoso
Como “CORISCO” a história o conheceu.
Foi assim que aos dezessete anos
Começou a traçar o destino seu,
Por matar o filho de um ricaço
Saiu fugido do lugar onde nasceu,
Pra ajuntar-se ao bando de Lampião
Ao cangaço Corisco se converteu.
Era valente e ligeiro como um raio
Começou cedo na vida de cangaceiro,
Diabo Loiro como era conhecido
Foi pro bando em busca de fama e dinheiro,
Nos encontros que teve com as volantes
Corisco sempre atirava primeiro.
Foi em mil novecentos e vinte e oito
Em Gloria no Estado da Bahia,
Que Corisco raptou uma donzela
E com ele com certeza viveria,
Sua vida de cangaço sem DADÁ
Pra fechar esta rima não daria.
Sérgia Ribeiro da Silva a Dadá
Não se tem na historia onde nasceu,
Tinha pouco mais de treze anos
Quando a vida do cangaço conheceu,
Nessa lida aprendeu ler e escrever
Na cartilha de Corisco o amado seu.
A vida do cangaço é muito dura
Se pro homem pra mulher ainda mais,
Mais Dadá mostrou coragem e valentia
Pra quem vivia cercada de rivais,
No meio do cangaço ela cresceu
E na vida nunca soube o que era paz.
Do cangaço Dadá levou lembranças
Três filhos com Corisco e sem dinheiro,
No peito as saudades que sentia
Do cangaço e dos velhos companheiro,
Que morreram pelas mãos da macacada
E entregue pela boca dos coiteiro.
Na região do Raso da Catarina
Que fica no Estado da Bahia,
Foi ali que Lampião rachou seu bando
Pra se ver livre da volante que o seguia,
Deu o comando do um bando pra Corisco
Confiando em sua destreza e valentia.
Isto se deu no ano de trinta e três
Cada bando tomou rumo diferente,
Mas o fim do cangaço estava perto
E os bandos se ajuntaram novamente,
Na Grota dos Angicos em Sergipe
Lampião ali perdeu sua patente.
Cinco anos com seu bando dividido
E a peleja com as volantes não parava,
Macacada armada até os dentes
Lampião com inteligência comandava,
Enquanto isso Corisco o “Diabo Loiro”
Noutras veredas as volantes enfrentava.
Se ajuntaram novamente em trinta e oito
Num lugar que Lampião já conhecia,
Na Grota dos Angicos em Sergipe
Os dois bandos que era pura valentia,
Aconteceu que o destino traiçoeiro
Marcou a morte de Lampião pra aquele dia.
Mas Corisco escapou com o seu bando
E se embrenharam nas veredas do sertão,
Diabo Loiro prometeu naquela hora
Que vingaria a morte de Lampião,
De Maria Bonita e dos outros companheiros
Que derramaram seu sangue naquele chão.
E a ira de Corisco foi tão grande
Que acabou por matar quem não devia,
Matou toda a família do coiteiro
Que entregara Lampião naquele dia,
E a historia não nos dá nem um detalhe
E o porquê de tamanha covardia.
E o cangaço que já estava enfraquecido
Já não tinha mais aonde se esconder,
Pra eles o mundo ficou pequeno
Já não tinha mais estradas pra correr,
Barra do Mendes no estado da Bahia
Lugar que Corisco escolheu para morrer.
Barra do Mendes mil novecentos e quarenta
O casal tinha acabado de almoçar,
Ao lado de Dadá sua companheira
Não tiveram nem tempo pra pensar,
Corisco resistiu e ali foi morto
Pondo fim aos cangaceiros do lugar.
Dadá foi ferida gravemente
Mas ficou viva para os três filhos criar,
Perdeu uma das pernas nesse dia
Mas escapou pra sua história contar,
Ficou na história o Coronel José Rufino
Que tinha ordens expressas pra matar.
Fevereiro de noventa e quatro
Na Capital da Bahia em Salvador,
Aos setenta e oito anos de idade
Morreu Dadá pondo fim em sua dor,
O cangaço tomou rumos diferentes
Mas continua espalhando o terror.
Hoje em dia o cangaço é diferente
Espalhou-se pelas grandes capitais,
E não tem volante que dê jeito
Nem policia que garantam nossa paz,
Aliás, até a polícia está perdida
E na realidade já não sabem o que faz.
A jagunçada hoje não anda a cavalo
Nem se embrenha nas veredas do sertão,
Mas mata no prazer de ver a queda
E pra isso não escolhe o cidadão,
É uma praga espalhada em todo canto
E a justiça não encontra explicação.