FINADOS

Finado merece um dia?

Todo dia é de finado?

Aquele corpo gelado

Tão sozinho adormecido

E por muitos esquecido

Habita naquela cova

Mesmice, nada renova

Solidão d'um ser eterno

Vestido de preto terno

Num processo de desova

Consumido pelo tempo

Hoje é forma decadente

Um passado sem presente

Sem promessa de futuro

Vive preso ali no muro

Trancado no paredão

Dia 2, um bom cristão

Em Novembro lhe visita

Chorando ou fazendo fita

Na dor e na encenação

Velas pingam como lágrimas

Nesse mar de amargura

As flores na sepultura

Conforta toda essa gente

Saúdo com meu repente

As famílias enlutadas

Sintam-se, pois, confortadas

Pêsames de coração!

Do poeta, do irmão

Nas rimas improvisadas

Poeta de Branco
Enviado por Poeta de Branco em 03/11/2012
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