O JEGUE QUE MORDEU O VÉIO.

Existia um certo véio,
Por nome de Benedito,
Morando no interior,
Numa casinha num sitio,
E toda segunda feira,
Levava frutas pra feira,
Num animal esquisito.

O tal bicho esquisito,
Que ao véio carregava,
Chamava-se periquito,
Porque nunca se cansava,
De ficar comendo milho,
Olha esse bicho meu filho,
Todo tempo mastigava.

Assim toda madrugada,
Dos dias de segunda feira,
O véio arrumava as tráias,
Em pacotes numa esteira,
No jeguinho colocava,
E a carga balanceava,
Saia pra vender na feira.

Mas o jegue era manhoso,
Ao véio muito irritava,
Pois se não tivesse milho,
O infeliz não caminhava,
Então o seu Benedito,
Inventou pra periquito,
Uma estrovenga danada.

Então amarrou uma vara,
Com a ponta para frente,
Pôs na ponta uma espiga,
De uma forma inteligente,
Esse tal jegue que o diga,
Louco pra alcançar a espiga,
Rinchava mostrando os dentes.

Mas coitado do animal,
Cada vez que caminhava,
De olho na grande espiga,
Que ele tanto desejava,
Porem caminhava em vão,
Vejam que vida de cão,
O milho nunca alcançava.

Quando na feira chegava,
O jegue ficava amarrado,
Ai então ganhava o milho,
Presente tão esperado,
O véio sumia na feira,
Vender as frutas inteiras,
Longe do jegue coitado.

Mas isso era algum dia,
O véio dava uma veneta,
Do contrario o pobre jegue,
Vivia situação preta,
O véio nem se importava,
Com o que o bicho passava,
Ô véio ruim do capeta.

Era assim diariamente,
O pobre animal sofria,
Muitas vezes nem água,
O pobre animal bebia,
E que bocado sem sal,
Passava o pobre animal,
Junto aquela freguesia.

Mas um dia nessa feira,
O jeguinho virou o cão,
Nem o milho nem a água,
Mudou aquela situação,
O véio chegou nervoso,
E aquele jegue manhoso,
Ficou bravo igual leão.

O véio pegou o jegue,
E começou a bater,
Pra descontar sua raiva,
Para todo mundo ver,
Só porque naquele dia,
Toda aquele frutaria,
Ele não conseguiu vender.

De posse de seu chapéu,
Batia no pobre animal,
Dando tapa no bichinho,
Com força descomunal,
O coitado esperneava,
Mas o véio não parava,
Cobrindo o jegue no pau.

De tão furioso o véio,
Uma hora se descuidou,
Que o jegue enfurecido,
Ao o véio abocanhou,
Tascou-lhe uma mordida,
Nas costelas que a camisa,
Na boca do jegue ficou.

O véio soltou um grito,
Que toda a população,
Ficaram de lá torcendo,
E dizendo isso foi bom,
Não gosta de maltratar?
Só assim vai se mancar,
E não fazer judiação.

A mordida foi tão forte,
Que o véio se encolheu,
E no lugar da mordida,
Mancha roxa apareceu,
Ficou a marca dos dentes,
Naquele véio demente,
Aonde o jegue mordeu.

O véio se contorcia todo,
Com as costas machucada,
E aquele monte de frutas,
Ficou no chão espalhadas,
Deixando o povo aflito,
E esse tal de seu Benedito,
Sozinho se lamentava.

Levantou-se enfurecido,
Pra do bicho se vingar,
Foi quando a população,
Que estava ali no lugar,
Disseram-lhe não senhor,
Deixe o animal, por favor,
Já está tonto de apanhar.

Assim o véio aprendeu,
Que não se pode fazer mal,
E as costas ensangüentada,
Pela mordida do animal,
Soltaram jegue periquito,
E levaram o véio Benedito,
Pra se curar no hospital.

Termina aqui a história,
Do tal de véio Benedito,
E de seu pequeno jegue,
Com o nome de periquito,
É até difícil de acreditar,
Mas aconteceu no Pará,
E vai ficar aqui escrito.

Cosme B Araujo.
21/10/2012.

CBPOESIAS
Enviado por CBPOESIAS em 21/10/2012
Reeditado em 06/11/2012
Código do texto: T3944447
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