Nosso Senhor do Bom Jesus de Cuiabá
Está tudo tão mudado
nunca vi isso por cá
está triste o Cuiabá
e mais triste o meu cerrado
assim tão seco e queimado,
não tem chuva de caju,
piracema de pacu,
enchente de São José,
e grita triste o pinhé
no galho seco e quebrado.
O rio está definhado
está triste o pescador
na terra do Bom Senhor
porque não há mais pescado
(só tem peixe congelado,
criado em tanque, e tão caro
de mais difícil preparo),
não se vê piraputanga
assada na pedra canga,
o dourado está tão raro.
Não se vê mais nem jacá
na Vereda, Bom Sucesso,
(esse é o preço do progresso,
que a vida matando está)
não tem mesmo nem cará,
não se vê mais pescadores,
antes, do rio, senhores,
alegres, sempre a cantar,
pescando ao sol e ao luar
saudosos de seus amores.
Tudo agora está cercado,
tem diques no pantanal
que muda o ciclo anual
antes todo regulado,
(garantia do pescado):
no tempo do ipê em flor,
piracema, um esplendor,
poesia da natureza,
prenhe de encanto e beleza,
milagre do Criador.
Não se vê pacu assado
na mesa do camponês,
nem enfloram os ipês
no tempo que era esperado:
tudo, tudo está mudado.
Suas águas vão ligeiras
beijando os sarãs das beiras
cortando matas, cerrado,
buscando o colo encantado
das planícies pantaneiras.
Brasília, 14 de Agosto de 2012.
Livro: REALEJO, pp - 34- 35
Está tudo tão mudado
nunca vi isso por cá
está triste o Cuiabá
e mais triste o meu cerrado
assim tão seco e queimado,
não tem chuva de caju,
piracema de pacu,
enchente de São José,
e grita triste o pinhé
no galho seco e quebrado.
O rio está definhado
está triste o pescador
na terra do Bom Senhor
porque não há mais pescado
(só tem peixe congelado,
criado em tanque, e tão caro
de mais difícil preparo),
não se vê piraputanga
assada na pedra canga,
o dourado está tão raro.
Não se vê mais nem jacá
na Vereda, Bom Sucesso,
(esse é o preço do progresso,
que a vida matando está)
não tem mesmo nem cará,
não se vê mais pescadores,
antes, do rio, senhores,
alegres, sempre a cantar,
pescando ao sol e ao luar
saudosos de seus amores.
Tudo agora está cercado,
tem diques no pantanal
que muda o ciclo anual
antes todo regulado,
(garantia do pescado):
no tempo do ipê em flor,
piracema, um esplendor,
poesia da natureza,
prenhe de encanto e beleza,
milagre do Criador.
Não se vê pacu assado
na mesa do camponês,
nem enfloram os ipês
no tempo que era esperado:
tudo, tudo está mudado.
Suas águas vão ligeiras
beijando os sarãs das beiras
cortando matas, cerrado,
buscando o colo encantado
das planícies pantaneiras.
Brasília, 14 de Agosto de 2012.
Livro: REALEJO, pp - 34- 35