AUTO RETRATO (EC)

Quem sou eu para de mim falar?

Sou o que escuto outro dizer

quem sou eu? quem me explica?

como haveria eu de saber?

Então se eu contar mentira

um tanto põe, um pouco tira,

assim mais ou menos fica

Venho lá de um século passado

Tempos que o tempo não voava

Satélite no céu, somente a Lua

cansava de brincar na rua

dormia quando a noite chegava

não tenho fé, nem corpo fechado

para onde seguir, decido o lado

Corri muito atrás de bola

mas graças a uma boa cola

saí-me bem lá pela escola

desde pequeno me atrapalho

nasci em mês de dois e sou só um

sobrevivo de meu trabalho

na loteria não ganhei nenhum

Pobre neto de lavadeira

mentiroso pai pescador

quando andava mal vestido

tomei muito chá de cadeira

hoje acho até divertido

saco do bolso uma carteira

mal paro o carro, viro doutor

não sou de provocar ninguém

fico em paz no meu cantinho

mas nem vem que não tem

não mexe com quem tá quietinho

se acenderem meu pavio

vou direto e sem desvio

mando tomarem um navio

Detesto enrolação e ladainha

vida! deixem que cuido da minha

virtude, se tiver, descubra alguém

E veja bem, meu bem

Desculpe-me a sinceridade

para não perder a amizade

não me peça um vintém

Se sou feio ou bonito?

Jamais serei miss simpatia

pra completar: cheio de mania

talvez eu me descubra um dia

quem sou eu para falar de mim

que fique o dito pelo não dito

por ora chega, até logo e fim

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Este texto faz parte do exercício literário

Encanto das Letras – tema Auto Retrato.

Outros textos em

http://encantodasletras.50webs.com/autoretrato.htm

Pedro Galuchi
Enviado por Pedro Galuchi em 06/07/2012
Reeditado em 30/09/2012
Código do texto: T3763084
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