Balada da bandalheira
Por estar tudo às avessas
Nos bastidores da nação,
E por estarmos tão pasmos,
Com tanta descaração,
Só me resta declarar:
Alfafa neles, povão!
Pelos pobres sem comida,
Na cidade ou no sertão,
Pelos banquetes vistosos,
Bancados pelo patrão,
E muitos comendo lixo;
Alfafa neles, povão!
Pelas provas constatadas,
Da ladroeira em questão,
Que roubam e que não devolvem,
E vão ficando onde estão,
Nunca vi tal safadeza;
Alfafa neles, povão!
Pelo dinheiro nas meias,
Na cueca e no calção,
Pela salafraiada latente,
Disfarçada na eleição,
E pelo castelo em Minas;
Alfafa neles, povão!
Pelos desvios milionários,
Que ficam sem apuração,
Pelas mansões opulentas,
Que ninguém presta atenção,
E pelos barracos arrastados;
Alfafa neles, povão!
Pela justiça errante,
Que só existe em Plutão,
E prima por justiçar
Só preto, pobre e pagão,
E só não vê quem não quer;
Alfafa neles, povão!
Pelos crimes absurdos,
Que ficam sem punição,
Só porque os seus autores,
Tem dinheiro de montão,
Ou então tem influência;
Alfafa neles, povão!
Pela mídia tendenciosa,
Que tenta causar comoção,
Alardeando tragédias,
Com segunda intenção,
E tudo pra ter Ibope;
Alfafa neles, povão!
Pelos realities shows,
E as novelas de plantão,
Que sugam os desavisados,
No bolso e no coração,
E por eles são aclamados;
Alfafa neles, povão!
Pela violência crescente,
Que nos deixa sem ação,
Vitimando inocentes,
Sem dó e sem compaixão,
E pela polícia bandida;
Alfafa neles, povão!
Não pensem que essa trova,
Pretende dar solução,
É apenas um desabafo
De um reles cidadão,
Que anda inconformado,
Com a devassa escrotidão!
Não quero ter ofendido,
Ninguém em contradição,
Se o que falei for mentira,
Me joguem pedras, então;
Mas se eu falei a verdade,
Retirem as pedras da mão!
E agora eu vou parar,
Com essa minha falação,
Pois vejo que estão cansados,
De tanta esculhambação,
Por isso conclamo a Deus:
Tenha de nós, compaixão!
Edson