Desta vez foi a chuva

18.01.2002

Enfim, a chuva chegou

Muitos sonhos renovou

Fez a vida renascer

A vida quase esquecida

Dessa gente desvalida

Que nunca deixa o sertão

Mesmo sabendo da luta

Da vil e cruel labuta

Por um pedaço de pão

E o sol se esquivou

E dessa vez não queimou

O meu sofrido torrão

E água muita correu

A tudo depressa encheu

O sertão virou um mar !

Todo orgulhoso, sorriu

Assim como nunca viu

Tanta vida festejar

Mas a sorte aqui não muda

É cruel, feia e desnuda

É pura desolação

E no sertão é assim

Sem chuva, a seca ruim

Assola bichos e sonhos

Desalojando essa gente

Num castigar iminente

Em desalentos medonhos

E desta vez foi a chuva

Como a praga da saúva

Que tudo come sem dó

Tirou o sol do caminho

Acabou tudo igualzinho

Como o sol da outra vez

Levou tudo pela frente

Na estrondosa corrente

Destruindo o que se fez

Pois é assim no sertão

Tudo é sim ou tudo é não

Não há jeito nem saída

Quando o sol não lhe castiga

É a chuva por intriga

Que vem tudo devastar

Expulsa o pobre oprimido

De seu lugar tão querido

Para nunca mais voltar

E o sertanejo pergunta

Na dor que ao pranto se junta

Será que a sorte não muda?

Quando o sol lhe queima o rosto

Ou muita chuva é desgosto

Nunca sabe o que é melhor

Como já disse o Poeta

“Seca sem chuva é ruim”

“Mas seca d’água é pior”

Paulo Gondim
Enviado por Paulo Gondim em 21/01/2007
Código do texto: T354098
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