A morte: Autor: Damião Metamorfose.

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Eu já falei sobre a morte

Em outro Cordel escrito.

E aproveitando o embalo

O mesmo assunto eu repito.

Mas vou pedir ao Deus vivo

Pra não ser repetitivo,

Fazendo um Cordel bonito!

Não tem milagre, acredito

Que evite essa foiçada.

Quando a morte vem já sabe

Sua rotina e morada...

Não erra de endereço,

Nem adianta adereço

Ser cara limpa ou pintada...

*

A morte é sempre a culpada

Por interromper a vida.

Seja a pessoa abastada

Ou totalmente falida...

Já eu acho a morte justa

E como ela não me assusta

Jamais chamo de bandida...

*

A morte é atribuída

A culpa, a dor e o estrago...

E na garagem de uma vida

Seu lugar é sempre vago.

-Não adianta tomar porre

Nem ficar sóbrio, pois morre,

Poliglota, mudo e gago...

*

Pra quem sofre é um afago

A passagem desta vida.

Por isso devemos ter

Uma vida bem vivida

E também nos preparar

Para quando ela chegar

Ter menos dor na partida!

*

Já que a vida me convida...

A morte não me assusta.

Com a fé que tenho em Deus

Não irei de forma injusta.

Dada pelo criador,

Não acho a morte um horror

Pois sei que a causa é justa!

*

Enquanto o cabra degusta

Uma boa refeição.

A morte fica a espreita

Num canto, de prontidão.

Só para dar o seu bote,

Feito cobra no caçote,

Mata com moderação!

*

Escape da morte então

E depois conte pra mim.

Se a morte é feia ou bonita,

Se ela boa ou ruim.

Se é antiquada ou moderna

Se ela é terna ou eterna,

Se é o inicio ou o fim...

*

O que nasce, cresce enfim

Ou morre na juventude.

O que cresce e morre idoso,

Faz plano e se ilude.

Nosso futuro é incerto,

Mas a morte é algo certo

Ninguém foge do ataúde...

*

A morte vende saúde,

Porque faz a reciclagem.

Trocando o velho em um novo

Aperfeiçoado a imagem.

E ainda tem um, porém

Pois os que vão pro além

Não reclamam da viagem...

*

Sem disfarce ou maquiagem

A morte vira do avesso

A vida de cada um

E cada um paga o preço

Que a morte vem e cobra,

Pagar é o que nos sobra,

Mesmo assim não esmoreço!

*

Eu ainda desconheço

Como evitá-la eu não sei.

E também nem me interessa

Porque sei que morrerei.

Enquanto eu puder viver,

Me preparo pra morrer

Sem desrespeitar a lei!

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Para a morte não tem rei

Nem rainha e nem vassalo...

Ela é a justa justiça

Pune do sábio ao cavalo.

Por isso é que sempre digo

Dela eu sou um grande amigo,

Mas não vou cantar de galo!

*

Muitos calam,eu não calo,

Dizendo que traz azar.

Faz sinal da cruz e bate

Na madeira pra isolar.

Para mim é só tolice

Com a morte não tem crendice

Que faça ela se ausentar!

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Pra quem se suicidar,

Passaporte antecipado.

E quem comete este ato

Não passa de um abestado.

Pois devido a sua pressa

Foi cedo ao encontro dessa...

Quem manda ser apressado!

*

Só tem morte antecipado,

Quem comete o suicídio.

Com excesso em vícios lícitos,

Que também nos leva ao cídio.

Pois quem vive embriagado

Conduz a morte ao seu lado

E é preso ao próprio presídio!

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Sendo em massa, é genocídio,

O nome que dão a morte.

Muda o nome, mas a dor,

É a mesma, e o mesmo corte.

Morre quem goste ou não gosta,

Com ela não tem aposta,

Nem azarado ou com sorte...

*

A morte é minha consorte

Já disse isto em outro verso.

Pra onde eu vou, ela vai,

Invisível no universo.

Quando eu gozo, ela delira

E quem achar que é mentira,

Pro o que digo ao inverso!

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A morte é um barco imerso,

Sem leme e sem timão...

Mas o seu destino é certo

Sem erro e com precisão.

Acerta de ponta a ponta

Deixando a matéria tonta

Falida e tombada ao chão!

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Mesmo assim a morte não

Me assunta ou mete medo...

No dia que ela vier

Vou é acordar mais cedo.

Para sair de mãos das

Andando pelas calçadas

E desvendar o seu segredo!

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Fim.

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Complemento do amigopoeta Aldemar... Em uma décima de para mestre nenhum botar defeito!

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27/01/2012 17:21 - aldemaralves

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Eu sonhei hoje cedinho

Pelo sertão viajando

Vi a morte cochilando

Á beira do meu caminho

Me aproximei de mansinho

Vasculhei a sua tenda

Comi da sua merenda

Bebi da sua bebida

E apaguei pra toda vida

Meu nome da sua agenda.

Damião Metamorfose
Enviado por Damião Metamorfose em 27/01/2012
Reeditado em 27/01/2012
Código do texto: T3464744
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